quinta-feira, 30 de abril de 2009

Um forte ou um fraco?


Acho que me decepcionei com um amigo...

Toda decepção parte da linha das expectativas; por mais que exercitemos o contrário, elimina-las se faz uma tarefa inumana: em menor ou maior grau sempre fazemos uso delas junto das nossas projeções... E quando não correspondem a elas – tristeza, mágoa, decepção...

E num gesto não entendido, numa palavra mal interpretada, num olhar furtivo, se estabelece o mal estar... pequeno gesto suficiente em si mesmo para apagar tudo quanto de bom tenha se feito e existido até então...

Feridos, nos revestimos de uma total “melindrice” e nos entregamos a esse estado emocional sem a menor reflexão e, entregues a uma emoção desordenada, as tristezas e mágoas só crescem... crescem... crescem... e vão matando tudo!!!

As projeções e expectativas são o tênue limite que separam o amor do ódio...

Mas o que é o ódio? Eita, se enveredarmos para responder isso nos perderemos! Melhor usar um pensamento de Gibran que diz, mais ou menos, assim: “Uso o ódio como uma arma para me defender. Se eu fosse forte não precisaria usar essa arma.” Pegou pesado!!!

Voltamos aqui a tratar da velha questão dos nossos egos tão bem elaborados: mágoas e decepções são somente respostas de um ego ferido: me magoou, me feriu, me desrespeitou, precisa ser afastado!!! Não é assim que fazemos? Se não consciente mas inconscientemente sei que é!!!

Mas como usar esse mesmo ego em favor de nós?

Retomando o falar de Gibran, se o ódio (mágoa, rancor, decepção) é resposta de defesa dos fracos, eu, que me acho tão tão, vou querer figurar entre os fracos ou entre os fortes?
Fraco ou forte? O que você escolhe ser?
Talvez você não tenham um ego tão ridículo quanto o meu, mas quero figurar entre os fortes... Mas como proceder?

Deixar de criar expectativas não posso, nem tão pouco deixar de me entristecer, nem eliminar as variáveis que me possam fazer sofrer porque isso é da arte imprevisível dos relacionamentos humanos... o que fazer então? Como proceder?

A única alternativa é ir ao encontro do Mestre... Só Ele tem respostas de vida eterna! O que Ele nos tem a dizer sobre isso?
“Se alguém te fere numa face oferece a outra”
Você já teve a sensação ou pensou: “pra que eu fui perguntar?” Kkkkkkkk... Pois é! Pensei nisso eu!!!
Entrou em cena o ego ridículo novamente: “Eu? Oferecer a outra face? Nem pensar? É mais fácil eu dar uma bem no meio do “bebedor de lavagem” pra aprender e nunca mais repetir!!! Mais é nada?!”. É assim que responde o meu às palavras do Mestre...

Mas de quanta misericórdia se reveste o mestre que veio para nós “fracos e doentes”; vendo o que se passa em meu coração, generoso, manda seu Santo Espírito para instruir-me em minha ignorância e animalidade...

A face oferecida é uma imagem simbólica... Se alguém te fere, se não corresponde às tuas expectativas e assim te entristece, se te feriu, ao invés de te recolheres em tuas defesas de tristeza e mágoa, toma por base o que de bom existiu e persevera, permanece, aposta no bem... é um salto no escuro porque, em se tratando de pessoas, a abertura de uma nova ferida, de nova dor, novo desentendimento se faz passível de acontecer, por isso a imagem da face oferecida... Permanecer, acreditar, apostar novamente é ou não oferecer a face a um possível outro golpe?

Coisa difícil essa de ser gente e das relações humanas, viu?! Acho que, por isso, nos seus mandamentos, Deus destina a si mesmo um só deles, e no resto tenta nos ensinar a arte do respeito, do amor, da convivência – tenta-nos dizer de como ornar, amar e respeitar o templo verdadeiro onde O agrada ser adorado: nas pessoas a nossa volta; nas que nos sentimos impelidos a amar e nas que desejamos odiar também...

Não é sempre fácil acertar... Mas me cobro uma postura diante de tudo quanto pensado até aqui: escolho ser fraco ou forte? Oferecer a outra face ou responder com bofetada?

Não é um passe de mágicas!!! É um exercício!!! Ta doendo aqui, é verdade!!! Mas posso escolher que sentimentos quero carregar comigo... posso escolher se fico fixado no fato que me traz tristeza, reprisando e (re)ssentindo o que dói ou, mesmo contra a minha emoção triste fazer uso da memória e fixar-me no que foi bom tirando da mágoa parte de sua razão de existir... Isso sim, posso fazer!!!

E não quero dizer ser justo também o extremo de nos faltarmos com o respeito nos expondo a relações onde um outro golpe na face é certo e não possível – conviver é uma arte que implica também em saber se esquivar, evitar... para assim ser possível, de fato, amar...

Fraco ou forte? Kkkkkkkkkkk...
Em instante nenhum a suprema fonte do amor disse que amar seria fácil!!! Nem difícil eu também diria... Talvez desafiador!!! Isso!!! Desafiador!!! E como adoro desafios, principalmente o de ser feliz, preciso ser forte para alcançá-lo!!! E se ser forte implica, apesar da dor, oferecer a outra face, acreditar mais uma vez, e até deixar ir o que permanecer já não se faz possível:

EIS-ME UM FORTE EM MINHA FRAQUEZA!!!

Um comentário:

S Roberta disse...

Você me inspira a escrever... que neste momento eu seja forte em minha fraqueza. Bjs