quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

OLHARES X - Grandes amores não se fazem sozinhos.


Peguei-me desejando um grande amor para 2011.

Daí resolvi questionar-me sobre o que é um grande amor pra mim... Confesso que nunca havia parado pra pensar nisso... Acho que abracei a idéia de grande amor do senso comum aonde um grande amor é algo escrito nas estrelas do qual não se pode fugir... kkkkkkkk... e assim por diante...

É mais ou menos assim, né? Sonhamos com algo perfeito que já nos chegue pronto, intenso, avassalador... Talvez por isso vivamos sempre procurando sem achar ter encontrado.

De minha parte, para mim mesmo, perguntei-me: o que faltou aos meus amores passados para não terem sido grandes amores? E a resposta foi justamente essa que acabamos de refletir – a espera de uma coisa intensa, avassaladora e PRONTA. Acho mesmo que nessa última palavra a chave do erro.

Esse é o ponto para onde dirigimos o nosso olhar de hoje: grandes amores não se fazem sozinhos!!!

Não é difícil explicar; não sei se você já passou por essa experiência, mas há vezes em que nossa vida se cruza com a de pessoas maravilhosas e reconhecemos todos os pontos de viver um grande amor, mas isso não acontece. E por que, tendo todos os elementos para, não acontecem?

Tomemos por exemplo a construção de uma casa. Para essa construção temos o que há de mais excelente e atual em matéria de materiais para construção civil e arquitetura. Mas pensemos: ter o melhor material garante a construção de uma boa casa? Claro que não!!! Fica tudo na mão dos construtores. É a habilidade deles em construir que vai dizer se transformarão os melhores materiais em uma grande habitação ou não!!!

Da mesma forma acontece com os grandes amores que não chegaram a ser grandes. Até tinham os elementos necessários para ser um grande amor, mas isso não é tudo; no fim, está tudo posto à habilidade dos parceiros em ser bons amantes.

Essa reflexão é crucial e até dolorosa porque, de alguma forma, se assumimos isso, não vivemos grandes amores por incompetência na arte de ser amantes.

Sei lá! Acho que nos queremos bem demais; nos gostamos demais; somos por demais apegados a nós mesmos, ao nosso modo de pensar e agir, às nossas manias. A chegada do outro parece colocar em risco nosso microcosmos de forma a, consciente ou inconscientemente, agirmos de forma a defendê-lo. Agora imagine essa mesma perspectiva defendida pelas duas partes envolvidas na construção do grande amor, cada um querendo imprimir seu jeito, seus gostos, suas manias, sua compreensão do que seja um grande amor... kkkkkkkkkkkk... vai dar me#&@!!!

Por isso reafirmo: grandes amores não se fazem sozinhos!!!

Acho por bem reformular meu desejo para 2011:

1 – Encontrar um grande amor;

2 – Reconhecer que é um grande amor;

3 – Que esse amor tenha o tamanho da minha habilidade em fazê-lo; e que eu saiba conquistar alguém para fazermos nosso amor o maior possível.

Acho que ficou melhor assim, não foi?

Só agora percebo o quanto fui ignorante na forma como esperava um grande amor...

E como não poderia deixar de ser, brindo junto aos meus grandes amores do passado, que não chegaram a ser grandes, a nossa falta de competência em fazer grandes nossos amores; aproveito para pedir perdão, já o tendo pedido a mim mesmo, pela parte de incompetência a mim cabida. Que não tenha sido em vão e que tudo o que vivido nos capacite para os grandes amores que ainda nos esperam.

Meu desejo de Ano Novo: que todos nós saibamos viver e construir grandes amores!!!

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

OLHARES IX – A empresa de ser

Já tem aí algumas estações (e bota estações nisso) que o capitalismo e as revoluções industriais (e agora tecnológicas) vêm desenhando a cara da nossa sociedade. Nessa dinâmica, palavras como empresa e empreendedor(ismo) ganham especial repercussão social, mas o que querem dizer? Do Aurélio temos:

Empresa - s.f. Execução de um projeto; cometimento, empreendimento. Unidade econômica de produção.

Empreendedor - adj. e s.m. Que ou o que empreende coisas difíceis; arrojado; realizador.


Tomando por base as definições acima, unindo-as numa única enunciação, podemos dizer que uma empresa é a execução de um projeto (com suas dificuldades e implicações) por alguém que seja capaz de empenhar suas forças de forma dinâmica e arrojada para alcançar os objetivos pré-estabelecidos. Não é mais ou menos assim?

Agora gostaria de mudar um pouco o contexto para falar de nós, seres humanos. Não há como quantificar, porque cada ser tem uma dinâmica própria de construção, mas, a grosso modo, podemos dizer que somos constituídos de três dimensões: razão, emoção e instinto. Essas três forças em nós agem de forma dinâmica e se influenciam de forma a não podermos separá-las ou afirmar que agiram isoladamente nessa ou naquela atitude, talvez tentar entender a que falou mais alto.

A grande questão é que nunca pensamos nisso, né? Apenas somos... vamos existindo, dando respostas a medida que apareçam os estímulos ou as perguntas. Comemos porque temos fome, trabalhamos porque precisamos do alimento, nos relacionamos porque fomos feitos para reproduzir (ou porque todo mundo faz, e se faz, é porque é assim); amamos quem nos ama, nos defendemos ou agredimos quem nos agride; enfim, vamos nos formando ao sabor do vento, no decorrer das circunstâncias. Viver é isso mesmo!!! A gente já nasce sabendo!!!

E ainda, de certa forma, ainda falando dessas forças que agem em nós, às vezes parecem ganhar uma tal dimensão que mais parece que somos escravos e servos do que trazemos dentro; expressões do tipo: “não consigo superar”, “não consigo ser diferente”, “não consigo fazer diferente”, “é mais forte do que eu” fazem parecer que trazemos um monstro incontrolável dentro o qual temos que manter adormecido numa câmera secreta aonde, de modo algum, se deve ir. “Pra que pensar? Viver se aprende vivendo!!!”.

É aqui, nesse exato ponto, que proponho a intersecção dos dois conjuntos de idéias que, acima, comentamos:

Podemos ser um conjunto aleatório de respostas a estímulos; podemos até ser servos ou escravos dos nossos instintos, da nossa razão ou da nossa emoção; podemos até fazer isso ou aquilo que ganhou status de certo porque todo mundo faz. Claro que podemos!!!

Ao ser gerados, ainda no ventre, já estamos vivendo, não escolhemos isso, vamos vivendo; é simples, já trazemos em nós a força (ou a conformação) para resistir a dor – única coisa certa ao se estar vivendo.

Tudo isso é verdade!!! E muito verdade!!!

Aprendemos a empenhar todos os nossos esforços para adquirir esse ou aquele bem; para isso estabelecemos metas, objetivos; para alcançá-los desenvolvemos estratégias; quanto mais difícil mais somos teimosos – torna-se uma questão de honra – não é assim?

Tudo isso bom, merecedor de mérito, e justo!!!

Mas e nós? O que somos e quem somos – que parcela de dedicação, empenho, metas e estratégias temos desenvolvido em pro de nós mesmos? É esse o olhar que hoje proponho: “A empresa de ser”.

Podemos ser uma construção impensada e aleatória, OU NÃO!

Se uma empresa é a execução de um projeto, que projeto merece mais dedicação que o de uma boa construção do que somos? Se um empreendedor é aquele que empreende coisas difíceis, um realizador, por que não cuidar da nossa realização, da difícil tarefa de equilibrar nossas forças interiores?

Somos o que queremos ser!!!

Somos o que escolhemos ser!!!

Somos o que construímos de nós mesmos!!!

Somos nós no comando dessa empresa de ser quem somos; somos nós que decidimos o que merece atenção, o que merece investimento, aonde queremos retorno; que excessos desnecessários precisam ser eliminados; que parcerias vem agregar forças à melhoria da nossa empresa. Um bom gerente é aquele que conhece a dinâmica de funcionamento da sua empresa, com seus pontos altos e baixos, sabe estimular o que é bom para fazer crescer e também empenhar as forças necessárias para melhorar o que anda ruim. É aquele capaz de arriscar andar até na contramão dos acontecimentos com uma visão arrojada do que pode ser mais adiante, porque sabe que, de sofrer ninguém foge, mas ser feliz é uma meta a ser conquistado com retorno diário e um empreendimento para toda a vida.

Nenhuma empresa cresce e progride ao léu. É preciso tempo e esforço. Às vezes investimos por um longo tempo até aparecerem os lucros, o resultado dos esforços. Sem contar a instabilidade do campo onde está empresa está inserida, o campo instável das realizações humanas, interiores e exteriores, o que a faz carecer de um cuidado constante.

Querer ser amados pelo que somos não implica dizer que podemos ser qualquer porcaria e querer que nos amem assim mesmo. NÃO!!! Devemos sim, impreterivelmente, agir de forma a estar rodeados de pessoas que nos amem na mais possível aproximação do que somos, mas devemos, para nós mesmos e para todos, desejar SER o melhor que podemos.

Outro dia li, de santa Tereza D’Ávila, que se quer imaginamos o quanto Deus nos vê grandes, dignos, excelentes, dotados de potencialidades; ela completa dizendo que se pudéssemos ao menos imaginar a incrível imagem com que Deus nos enxerga não descansaríamos até nos tornarmos a exata medida desse olhar.

Podemos ser bons, e aqui não me refiro ao “bons” do senso comum que mais se refere a uma construção externa de aparências e imagem social. Não! Refiro-me a sermos bons na essência do que trazemos, bons dentro, conhecedores de nós mesmos, agirmos segundo nossos valores de forma a deitarmos nossa cabeça no travesseiro tranqüilos, orgulhosos de nós mesmos, por naquele dia termos a certeza de ter empenhado nossos esforços em ser o melhor que podíamos, reconhecer pontos de fracasso a ser observados no dia seguinte e amanhecer decididos a fazê-lo.

Não somos escravos do que trazemos dentro; podemos até ser escravos do que desconhecemos. O desconhecido causa medo mesmo, é natural! Mas quando nos conhecemos aprendemos a ver que o monstro é bem menor do que imaginávamos e passível de ser conduzido, educado, de forma a não mais atrapalhar ou assombrar com pesadelos os nossos melhores sonhos.

Enfim, nesse final de ano, façamos uma boa avaliação de nós mesmos, dos nossos valores, da nossa vida, das nossas escolhas, da qualidade das nossas relações, da nossa forma de nos relacionarmos. Mantenhamos o que foi bom com esforços sempre renovados. Reconstruamos o que não foi legal empenhando, pra isso, o esforço necessário. E, ao estabelecermos nossas metas para o ano novo que vem ligeiro, além de projetarmos as nossas forças em vias do que desejamos possuir para uma boa qualidade da nossa vida, estabeleçamos também metas interiores, do que queremos SER, de COMO QUEREMOS SER. Façamos mesmo um projeto com avaliação, objetivos, estratégias e resultados a ser alcançados nessa incrível empresa de SER quem somos, quem queremos ser.

Acredito mesmo que, no entardecer e anoitecer da vida, antes que chegue o dia eterno, bons empresários terão sido aqueles que, olhando para a construção do que fizeram de si mesmos, além do que construíram fora, possam enviar uma oração de gratidão a Deus e sintam muito orgulho por terem sido quem foram.

Um feliz natal e um empreendedor ano novo para todos!!!

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

OLHARES VIII – Desculpas sinceras só se pede uma vez


Considero, cá comigo, desculpar-se um dos atos mais sublimes de humildade e crescimento individual para quem o pratica. De humildade porque, para ser levado a sentir necessidade de desculpar-se, alguém precisa admitir primeiro, para si mesmo, que errou, que foi falho com alguém; e não só, não só admitir-se em erro ou falta mas fazê-lo diante da outra pessoa ao desculpar-se. E de crescimento individual posto esse “admitir-se falho”, para um bom aprendiz, ser base para uma reflexão que possibilite melhorar naquele ponto em questão.

Acredito mesmo que, nos moldes que tratamos, o ato de desculpar-se é honroso, completo em si mesmo: somos falíveis e sujeitos a falhas – erramos; admitimos para nós mesmos que erramos com alguém; admitimos, diante desse alguém, nosso erro, e nos desculpamos; refletimos sobre o fato de forma a, na mais ajustada proporção possível, não mais vir a falhar no mesmo ponto. Lindo! Sublime! Salvífico para nossa interioridade e nossas relações.

Mas vocês já conheceram “desculpeiros de profissão”?

Tenho certeza que sim!!! Eu mesmo já conheci um monte...

Não! Mas esse povo tem uma facilidade de pedir desculpas que só vendo! (E de inventar desculpas também). Desenvolvem uma tal habilidade em fazer com que as pessoas se compadeçam das suas desculpas que alguns acabam fazendo mesmo com que a pessoa ofendida sinta desejo de pedir-lhes desculpas.

Tá rindo, né? Eu confesso que também ri aqui sozinho comigo mesmo ao recordar alguns acontecimentos e rostos... Mas vamos rir não que o negócio é sério!

Pessoas que aderem a essa prática, a de desculpar-se e inventar desculpas, sofrem de uma “deficiência” de personalidade chamada egotismo. Diferente do egoísmo, relacionado ao “querer (tudo) pra si”, o egotismo, também relacionado ao ego, se observa em pessoas que constroem a vida e as circunstâncias de forma a triunfar, a ser merecedoras de honras, flores, placas condecorativas. Destinados a esse fim, ao de triunfar, é que se desculpam sempre e inventam desculpas as mais significativas de forma a convencer os outros, e até a si mesmo, do quanto são “legais”, mesmo quando sabem que flararam. A ofensa mais dorida para pessoas assim é o não reconhecimento dos seus ESFORÇOS. E não quero dizer com isso que sejam pessoas desprezíveis; NÃO! Ao contrário! Podem até ser pessoas generosas, prestativas ao extremo, mas, no fim, toda essa dedicação, embora passe pelas pessoas, tem por finalidade e destino a apreciação do próprio ser. E não tem haver com egoísmo diretamente, mas o evoca porque acaba levando essas pessoas a um olhar umbilical que os cega para as pessoas à sua volta – daí a necessidade de ter que pedir tantas desculpas.

Acho ainda significativo dizer, para nossa reflexão pessoal, que, em maior ou menor grau, todos nós somos acometidos de egotismo. Cabe-nos reconhecê-lo em nós e administrá-lo. Mas aqui falamos de pessoas que o tem como traço de personalidade.

Enfim... acabamos por enveredar por reflexões espirais – voltemos ao nosso foco e ao OLHAR de hoje.

Falávamos da atitude sublime de reconhecer-se em erro, desculpar-se e produzir as mudanças necessárias para não reincidir nele. Depois falamos dos que pedem e inventam desculpas como quem respira. E é depois desses pressupostos que afirmo: DESCULPAS SINCERAS SÓ SE PEDE UMA VEZ!!!

É isso mesmo que você está lendo! E não firmo com isso que não devemos pedir desculpas, ao contrário, devemos sim. Mas aqui me refiro a ter que pedir desculpas mais de uma vez em se tratando do mesmo erro. É um total atestado de incompetência humana. Errou? Todos erramos! Vamos refletir e desculpar. Mas errar de novo e desculpar-se, e de novo, e de novo... vamos ser fracos para um determinado erro, mas vamos ter limites ou, no mínimo, brio. Quando alguém tem de vir a desculpar-se várias vezes pelo mesmo erro o ato de desculpar-se, como vimos no começo, em vias de um melhoramento pessoal, não está sendo feito; as desculpas, nesse caso, tornaram-se automáticas, “cara lisa”. Desculpar é tão sublime quanto pedir desculpas, eu sei, mas desculpar sempre, embora pareça altruísta, apenas reforça essa atitude irrefletida e promove a repetição dessa mesma dor – e dores cíclicas são como erosão de chuva e vento nas rochas, pode até demorar, mas desgasta de forma irreversível.

Eu, de minha parte, adoro pedir desculpas por coisas simples: esbarrões na rua, pisões no pé... kkkkkkkkk... Mas detesto pedir desculpas por coisas grandes; não que me custe pedi-las, mas me doe saber que fui insensível às pessoas à minha volta, especialmente as que mais amo – e que pena que não podemos fazer as pessoas que amamos apenas felizes... Dentre as coisas das quais já fui acusado, tive que me desculpar, e vim a ter que me desculpar de novo pelo mesmo erro está a acusação de que exijo demais das pessoas. Já me desculpei por isso e não o faço mais; não consigo me sentir culpado por esperar que as pessoas sejam o melhor que podem ser.

Ao fim, resta-nos a dedicação a aprendermos a pedir desculpas, sendo elas sinceras, destinadas ao nosso melhoramento pessoal e ao bem das nossas relações. É possível que voltemos a cair no mesmo erro nalguma vez, afinal, somos falíveis, mas que isso seja encarado como mais uma oportunidade de rever esse ou aquele ponto e melhorá-lo. Viver e ser quem somos não é um exercício aleatório de causas e efeitos; antes, é uma empresa que exige dedicação, investimento e cuidado. Falaremos sobre isso no nosso próximo OLHAR.

Beijos na bunda de todos que fizeram essa leitura com o desejo de muitas bênçãos de sabedoria e amor...

domingo, 7 de novembro de 2010

OLHARES VII - Quando amar não é suficiente

Gente, já falamos sobre isso, eu sei, mas tem coisa mais intrigante que uma relação? Kkkkkkk... Gosto de manter essa reflexão sempre em mente para manter sempre viva também a importância do amor como o único meio passível de fazer essa engrenagem funcionar.

Mas existem relações sem amor!!!
Vocês podem exclamar. E têm razão! Existem sim! E às vezes até dão bem certo... (Se é que podemos chamar isso de RELAÇÃO). Mas por que dão?

Dão certo porque tocam apenas a superfície dos seres, não produzem fusão, mudança. Esse tipo de relação se assemelha uma um baile de máscaras onde as pessoas estão sempre encenando que são felizes baseados na falsa idéia de segurança que essas relações causam. Ou poderíamos ainda compará-las a uma cocha de retalhos aonde vai se emendando aqui e ali com pequenas mentiras sorridentes, gestos POLIfingiDOS, desculpas esfarrapadas e inventadas que não convencem, mas são aceitas como paliativo e emenda suficiente para esconder o buraco que esconde a verdade.


E que verdade é essa?
NÃO HÁ AMOR!!! Essa é a verdade a se esconder. Pode até haver segurança, tranqüilidade, mas NÃO HÁ AMOR! E por amor não haver não há encantamento, não há mudança, não há fusão.

Outro dia um amigo comentou, falando da relação que estabelece, que, em se estando junto - "BEM", mas se acabar -"BEM TAMBÉM". Kkkkkkkkk... Então não é amor! Não tem como ser amor! Porque, quando amor é, “caraca”, é tudo diferente, inTENSO, contagiante, envolvente; e pode até vir a acabar, mas não vai ser a mesma coisa, nunca, vai faltar algo, vai doer, vai perder a cor, o ritmo, a graça...

Quando na “relação” não há amor, há uma lacuna, um espaço, uma brecha, um vazio, que só o amor é capaz de preencher. Relações sem amor não suprem a falta.

Falamos até aqui das relações sem amor como algo raso, que nos toca apenas a superfície, não produz mudanças, encantamento. Sendo assim, pela lógica, é só haver amor para tudo funcionar, certo?

ERRADO!!! E esse é o “novo olhar” proposto de hoje “quando amar não é suficiente”.

É isso mesmo que vocês estão lendo. Parece confuso entender que existem relações sem amor e que existe amor sem relação, mas é real. Ou vocês nunca ouviram falar de pessoas que se amaram demais mas que não conseguiram estabelecer uma boa relação?

Pois é, isso é fato! O amor é elemento imprescindível a relações "de fato", que preenchem a falta, produzem encantamento, mas não é elemento único. A relação é também um exercício de vontade, decisão, cuidado, construção. É nesse ponto, havendo a coexistência desses elementos juntos, atuando simultaneamente, que a relação pode dar certo.


Há pessoas que amam, mas que ainda são individuo, sós, um. Amam, é verdade, mas não conseguem se libertar da antiga condição de ser apenas um (situação que tem sua própria dinâmica). Há pessoas que, mesmo amando ainda são sós, porque tem seu ponto de equilíbrio estabelecido apenas em si mesmas, nas suas próprias e individuais seguranças. Assim, o outro perde seu significado na relação como alguém com quem se quer dividir, somar, multiplicar (é conta demais), como um outro ponto a se estabelecer nesse equilíbrio de ser dois sendo um. Quando isso acontece, o outro, na relação, mesmo sendo amado, torna-se prescindível, dispensável, algo comum, que até conforta como um SOFÁ NA SALA, mas que, se trocado, TÁ BEM TAMBÉM, kkkkkkkk...

Assim, acho que fica compreensível que AMAR NÃO É SUFICIENTE. É imprescindível, mas não suficiente em si mesmo para fazer acontecer uma relação de verdade, que nos atinja a profundidade, nos revele em nossas virtudes e desvirtudes, nos dispa além do corpo (e muitos corpos são despidos), dispa a alma; uma relação profunda o suficiente para nos permitir ser amados, de fato, pelo que somos, ao menos na mais possível aproximação disso, do que somos. Não sei vocês, mas é assim que eu quero amar ser amado...

Dá trabalho? Dá! Produz tensões? Produz! Faz doer? Faz! Relações não são potes de doce de leite. Quem conseguiria comer sempre doce sem enjoar, engordar, tornar-se diabético? Kkkkkkkkkkkkk... Dá trabalho, doe, é tenso, mas é bom, faz bem, encanta... Uma boa relação é como uma dieta balanceada – TEM QUE TER DE TUDO!!!


Fica aqui uma dica, “diquinha, não minha, nem sua, dá vida, porque só quem educa é Deus (ver personagem dona Edite do terça insana lançando seu livro – como educar um filho na favela)”; a dica é essa: cuide bem das suas relações! Exercite-se no exercício do outro, do cuidar do outro e, tão importante quanto, permitir-se ser cuidado pelo outro, desarmar-se de suas seguranças individuais e descansar no regaço do outro e, assim, perceber que o outro é tão importante na sua vida que, mesmo mantendo as portas da liberdade sempre abertas, mantêm dentro um lugar seguro aonde ele deseje permanecer e ficar.

CUIDE BEM DO SEU AMOR!!!

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Na Vitrola 1 - REVANCHE DA PAIXÃO

Olá, pessoal!

Junto ao nosso "OLHARES", a partir de agora, estarei também apresentando o projeto "NA VITROLA".

Coisa muito simples!!! Músicas guardadas aqui na minha gaveta que, se não escutadas, perdem sua razão de ser, afinal, música é feita pra ser ouvida... kkkkkkkkkkk

São gravações caseiras com a minha "profunda habilidade" como instrumentista (já ouvi até que tenho dedos desafinados - dá pra ser feliz assim?) e uma pequena arte de imagens pra gente se divertir enquanto escuta a música.



Enfim:

Com vocês "NA VITROLA", com a primeira música: "REVANCHE DA PAIXÃO (ou Não)".

Sabe aquelas vezes aonde a gente, por amar demais, se submete a tudo? Exatamente!!! Aquelas vezes aonde um simples olhar ou gesto é suficiente pra gente acreditar que dessa vez vai dar certo e vai ser legal (muito típico de quem ama criar esperanças). Tudo diz que a relação não funciona, não dá certo, mas a gente insiste em mantê-la na UTI, respirando por aparelhos, motivados por um sentimento que pra nós é muito forte. Já passou por isso?

Pois é! Acontece, né?

Mas sempre tem a hora da virada, aquela aonde cai a ficha, quando a gente ergue a cabeça e dá a volta por cima... Gostosa essa experiência, não é? kkkkkkkkkkk... E somos nós agora a dizer o NÃO!

É só escutar e conferir!!!

Ah! E se gostar = DIVULGAR!!!


Abraços a todos!!!



terça-feira, 28 de setembro de 2010

OLHARES VI – Rotina

Eita! Palavrinha chata essa, não?!... relacionada à repetição, ao cansaço, ao marasmo, a rotina é considerada por muitos o ocaso do amor.
Não é difícil entender: acabou o fascínio inicial; passada a conquista, já não há mais esforços para o encantamento; e por falar de encantamento, esse também passou ficando em seu lugar a dura realidade de defeitos, brigas banais, aumento de peso e de contas, perguntas sem respostas... A rotina é o túmulo do amor!!!

A alma humana é assim, precisa ser estimulada, ter sonhos renovados... a rotina é como água parada: desoxigena e mata todas as espécies de vida nela...

Não vou continuar, sei que vocês podem fazer isso sozinhos – o restante das reflexões sobre rotina é por conta de vocês.

Terminaram?
Perfeito!
Agora é a hora da virada... Coloquemos nossas lentes:

Tudo no começo é irreal! Não que seja mentira, não é isso!!! É que faz parte da conquista estimular as virtudes e esconder os defeitos; abre-se a porta do carro e puxa-se a cadeira; liga-se todos os dias e faz-se juras de amor; elogia-se as coisas mais banais e passa-se por cima de pequenos aborrecimentos como se nada fossem... E os defeitos, onde estão? Um ou outro aparecem, porque não dá pra escondê-los por muito tempo, mas trata-se de disfarçar. Sem contar as horas a fio dedicadas a imaginar o que pode agradar o outro... (quem não passou por esse ridículo? Kkkkkkk).

Reitero: Não é mentira! Posto que são atitudes motivadas por sentimentos reais. Mas é irreal! Posto que foge ao humano estatuto de existir e se relacionar. E não que atitudes cordiais e generosas não possam ser mantidas ao longo do tempo, também não é isso que afirmo; apenas que esse estado inicial de “conto de fadas” e perfeição passa – e que ótimo que passa!!!

Por que “ótimo que passa”? Simples: esse é o nosso olhar de hoje – acompanhe!

Vimos que, a pessoa do começo da relação não é real; se a amarmos não estamos amando a pessoa em seu todo, mas apenas os poucos traços da sua personalidade que usa e valoriza na conquista. O que vai dizer mesmo do amor que se sente é a rotina. Passada a fantasia encantadora do começo, pouco a pouco, vamos nos mostrando no nosso real: nossas birras, ciúmes, acordar de lundu, esquecer datas, toalha molhada sobre a cama, diferenças de pensamentos e posturas, até “pum” embaixo do cobertor...

É aí que se descobre o amor! É fácil achar amar quando tudo é perfeito e vai bem, mas não é amor! Só se ama pessoas reais!

Nisso o encanto da rotina... passamos a nos conhecer em nossas luzes e nossas sombras e, mesmo assim, nos queremos muito bem. Já não perdemos tempo em adivinhar o que o outro gosta e vamos direto ao ponto com muito mais chances de acertar.

Sob a rotina, o que motiva a relação pode enfim ganhar status de amor porque, revelando quem somos, nos faz passiveis de ser amados em nosso todo – amores reais para pessoas reais.

É bem verdade que, com esse excesso de real no amor vem também aborrecimentos reais, mas desses não se foge em nenhum estado. Acho mesmo que não é sábio medir a felicidade pela presença ou ausência de aborrecimentos, mas pelo amor com que se ama.

Quanto à rotina, ela revela os verdadeiros amores sim: acordar ao lado de alguém com a cara amassada e achar a pessoa a mais linda do mundo; trazer da padaria um pequeno mimo só porque sabe que o outro gosta; usar o perfume preferido do outro na hora das “camaradagens” (kkkkkkkk...); ou, como diz um poeta amigo meu, “dormir numa noite difícil achando que foi um erro te querer, e acordar arrependido sabendo que só sou feliz com você”.

Saibamos nos encantar na rotina, valorizar os momentos mais simples, sem desconsiderar a necessidade de, ora ou outra, chutar o balde e fazer coisa novas, arejar o cérebro e a relação, para voltar á rotina mais seguros do seu valor porque, de alguma forma, todos já pensamos assim: viajar é muito bom, mas melhor é voltar pra casa... no sentido mais amplo, rotineiro e seguro que casa pode e deve ter.

sábado, 4 de setembro de 2010

OLHARES V – Separação


Puxa vida! Esse tema é pesado!!!
E por que não dizer doloroso?
Enfim! Pensemos juntos “Separação”...

Separação é coisa da dimensão do “não dá mais”; diz respeito a não mais se estar disposto a empregar forças à manutenção da relação.

Nessa palavra – RELAÇÃO – a primeira chave para nossa reflexão.
Toda relação é uma construção coletiva de, no mínimo, duas pessoas; não existe relação a sós! Tem até quem fantasie isso, mas é coisa da total pessoalidade.
Detenhamo-nos à relação a dois. Pensa comigo: dois mundos diferentes; duas histórias de vida diferentes; duas idéias de realização, perspectivas de felicidade e expectativas de futuro, diferentes; a própria compreensão do que seja relação, diferentes – existe alguma possibilidade disso dar certo?

Se tomarmos por parâmetro apenas a dimensão racional a resposta será NÃO! Mas precisamos contar com a magia do amor... Ah! O amor... Essa é a única força capaz de fazer esse emaranhado de diferentes “dar certo”. Ele, o amor, é força capaz, em si mesma, de amolecer as estruturas de uma forma a permitir adaptações, junções, colisões, fricções, de uma forma tão significativa que o que era impossível de mensuração pela mente torna-se possível e real: esses mundos tão diferentes se fundem em relação. Bonito isso, não é?

Tai, a segunda palavra que tomaremos por base de reflexão é essa – FUSÃO. O amor faz com que esses mundos tão diferentes se fundam de uma forma tão significativa que as identidades, na construção que fazem de si mesmas para si mesmas, já não conseguem mais se pensar um, mas dois. Significa dizer que as pessoas perdem sua identidade e individualidade? Claro que não!!! Apenas que, agora, reconhecem um outro sentimento, um outro gosto, uma outra noção de coisas além da sua a ser reconhecida, valorizada, levada em consideração, num processo tão bonito de identificação que os dois e, cada um, se pensam dois; eles sabem que suas escolhas afetam diretamente o outro, e esse identificação com o outro faz mesmo com que essas duas identidades reconheçam-se apenas uma, mesmo sem compreender isso.

Você consegue compreender como isso é sério? Imagine você que, duas pessoas, com suas duas histórias e identidades, agora se decidem por uma história só, se afinizam, fundem, misturam de uma forma tão significativa que até confundem sua própria identidade com a identidade do que são JUNTOS.

Chegamos mais uma vez ao ponto crucial de reflexão – SEPARAÇÃO. Ela ocorre quando um dos elementos da relação já não se reconhece mais nela, e cindi, rasga, quebra, desfaz a sintonia. Dá pra mensurar o quanto isso é sério? Contemplemos:

1 – Não existe separação sem dor – pensar diferente é burrice! Na separação há perdas de ambos os lados, cada um fica com a parte do outro fundida à sua, e a separação dessa parte não é tão simples quanto a separação de bens. Não há como medir a parte de nós que cabe no outro e a parte do outro que cabe em nós, por isso, em toda separação, mesmo para a parte que a propõe, a reconhece como necessária, será de alguma dor, pelas brechas e fendas que abrem na idéia de segurança – todas as construções afetivas até ali haviam sido feitas na segurança da presença do outro; a quebra dessa perspectiva meche na nossa frágil relação com a necessidade de segurança e requer a reformulação da identidade pessoal agora, de novo, na perspectiva do um.
2 – Recomposição da identidade – essa é uma fase muito difícil! É o famoso – SE REFAZER. E é isso mesmo, é o refazer dos planos, dos sonhos, da idéia de felicidade e realização, tão atrelada até ali ao outro, agora numa nova perspectiva, a de retorno a uma identidade pessoal a muito não exercitada, confortada na segurança do outro que agora já não mais estará lá.
3 – Ódio e mágoa – há casos em que a separação é uma escolha mútua, reconhecida pelas duas partes como algo necessário, e isso não necessariamente quer dizer que doerá menos, apenas que será mais fácil de lidar por sua compreensão. Mas, na maioria das vezes, pela compreensão diferente que as partes têm da mesma relação, a separação é escolha de apenas uma delas. A parte que decide pela separação tem, a seu favor, as justificativas que se dá para “partir”, mas e a outra parte? Ainda ama, ainda quer, ainda acredita, ainda necessita, ainda sonha, é relutante em se reconhecer sob a ótica de sua própria identidade; não encontrando razões em si para a separação demora mais a se refazer, a se adaptar. Nessa adaptação recorre, inconscientemente, ao ódio e a mágoa como forças suficientemente fortes para combater e matar aquele amor que insiste em buscar o outro – é preciso denegrir, interiormente, aquela imagem que ainda encanta de forma a dar a si “razões” para não mais amar.

Mas o que faz a separação tão dolorosa é a dificuldade de refazer a identidade? São as rupturas e divisões? São as palavras duras e os pensamentos mesquinhos usados para desfazer o feito e justificar o fim?

Não! Não é! E aí o nosso olhar de hoje: O que dói mais na separação não é o que vivido (de bom ou ruim), afinal foi vivido, experimentado; não são as palavras ditas, porque já foram ditas; não são as maravilhosas noites de amor, porque foram vividas com intensidade; não foram as discussões dolorosas com dias de silêncio e reconciliação... Não!

O que mais dói na separação é tudo o que ainda havia por ser vivido:

São os beijos de amor ainda por ser dados; são as brigas por coisas banais que ainda renderiam noites e lágrimas; são as férias num lugar desejado ainda por visitar que, podem até vir a acontecer mas, sem o outro, não terá o mesmo sentido...
O que mais dói numa separação é o não vivido que, com ela, morre, sem mais possibilidades de vir a ser...

E o mais complexo é ter que admitir para si mesmo que o outro, com seus méritos e defeitos, é alguém tão incrível que a vida não será a mesma sem ele, até melhor, ou quem sabe pior, mas nunca mais a mesma...

Ufa! Reflexões doídas essas, viu? Não estou me separando, mas dói aqui dentro.

O maravilhoso é também, ao fim, poder reconhecer a mutante capacidade que nós, seres humanos, temos de reconfigurar e redescobrir a nossa felicidade; podemos até nos perder por um tempo, às vezes até sofrer um pouquinho mais do que o necessário, mas sempre chega o dia em que acordamos disposto a fazer novas escolhas e ver que o sol brilha, brilhou e brilhará, indiferente ao tempo que faça lá fora. Aconteça o que acontecer, o sol continuará brilhando para todos e, enquanto ele brilhar, estaremos sempre encontrando novos caminhos de felicidade, a sós ou acompanhados.

P.S.: Anexo aqui, ao fim, três canções, uma de Roberto, outra de Claudio Lins e ainda uma de Ferjat. Recomendo que escutem para que completem nosso olhar de hoje.