domingo, 25 de outubro de 2009

ACEITO ou AMADO?

SE QUER SER ACEITO, é simples a receita!
Eu disse simples, é verdade, pela fácil execução...

Leia e pratique:
1. Diga meia dúzia de tolices e faça os outros sorrirem – dá sempre certo;
2. Também ria das tolices dos outros – é importante também;
3. Tente parecer menos inteligente – as pessoas em volta vão adorar te ter por perto para alimentarem seus egos achando que são mais do que você;
4. Fale de assuntos gerais: música e TV – no mínimo, para não ficar por baixo, as pessoas vão comentar o assunto como se estivessem super por dentro e, afinal, sobre musica e TV, todo mundo sempre tem algo a dizer;
5. Elogie o quanto puder, mesmo quando pensar do contrário – a grande maioria das pessoas adora eles (elogios e bajulações), e vão, conseqüentemente, te manter por perto para recebê-los.
6. Não demonstre seus sentimentos – demonstrar que tem dúvidas, inseguranças e medos vai criar de você uma imagem de fraco;
7. E nunca, entendeu? Nunca dê sua opinião sobre nada! As pessoas reagem muito mal a opiniões contrárias – prefira o silêncio como direito de resposta: “Sinceramente, não sei o que dizer...”, “Nunca pensei sobre isso...”, “Prefiro não comentar” são sempre ótimas respostas; e, se muito pressionado, escolha uma resposta que te deixe em cima do muro e com a possibilidade diplomática na mão de, num momento de tensão, poder ficar dos dois lados cindidos.


Fácil, não é?
Em pouco mais de meia dúzia de dicas o mapa da mina da felicidade social.



Mas se quer ser amado.
Ah! SE QUER SER AMADO... é uma apenas a dica, embora de difícil execução:

1. SEJA VOCÊ MESMO.

Fácil?
Engano seu!
Essa dica esconde um grande erro.

O “seja você mesmo” entrou em consenso como um “vão ter que me engolir”, e não é bem assim!

De fato, o seja você mesmo é um grande “assuma quem é!”. Isso significa tomar posse, de forma consciente do que você é, deseja e tem a oferecer. Mas também uma consciência das suas “deficiências”. E aí não é só jogá-las sobre os outros, mas fazer o, por que não dizer doloroso, exercício de melhoramento.

É uma grande questão a arbitrar:

Usar da “tecnologia relacional” para ser ACEITO, e conseguir, sem arranhões, chegar ao pódio com um montão de gente para aplaudir, e congratular de si mesmo apenas a capacidade de agradar...

Ou

Se olhar com verdade, criar uma mais aproximada possível consciência de si, valorizar os claros, iluminar os escuros; com muito esforço e muitas cicatrizes, talvez poucas pessoas para aplaudir, chegar ao pódio, esgotado, e congratular-se por inteiro... e ser AMADO.

E aqui não há uma questão de julgamento! Apenas uma questão de escolha a qual eu respeito.


Cada um tem sua própria noção de felicidade, e deve mesmo buscá-la sabendo-se sempre e inteiramente responsável pelas conseqüências de suas escolhas.


De forma muito pessoal, eu também sei agir para ser aceito, embora nem sempre use do método e esteja mesmo disposto a usá-lo para com uns ou outros. Ser aceito nunca foi meu forte, sempre quis, e quero, ser amado. E quero amar também! Claro que quero! Mas não consigo amar imagens... Só consigo amar pessoas reais.


Por causa disso tenho ouvido, das formas mais polidas: VOCÊ EXIGE DEMAIS DAS PESSOAS!
Isso me entristeceu sobremaneira... Mas agora posso assumir: É VERDADE! EXIJO MESMO!


Por mais excelente que seja a imagem, sempre me soa medíocre. Prefiro os realmente fracassados aos aparentemente vitoriosos. Porque sendo pó posso descer ao pó e amar o pó, mas não posso amar uma imagem sabendo-a tão irreal. Mas me comprometo a ACEITAR.

ACEITO ou AMADO?
Aqui parece tudo muito diferente, mas não é! Existe um tênue limite de separação real na prática. Nem eu mesmo sei onde fica essa separação, confesso. Mas uma coisa eu sei: QUERO SER AMADO, nem outro de mim, nem uma máscara bem elaborada – EU, inteiro!

Essa certeza já me basta!

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

NA PORRADA!!!

Viver deveria ter um mapa... seria mais fácil! Eu, embora enxergue facilidade nessa opção, com certeza não usaria o meu... kkkkkkkkkkkkkkkkk...

Acho mesmo que o mais bacana é o imprevisível e as respostas e ajustes que ele exige de nós diante das mais diversas circunstâncias...

Das relações humanas aprendi, alguns anos atrás, que a agressividade é o caminho, com o velho e odiado Fábio Cobra. No show das nossas asperezas aprendemos a olhar e ter segurança no que está por trás delas...

De repente, na contemporaneidade das minhas relações, acreditei mesmo que o afeto era o caminho mais curto entre qualquer pessoa e eu... por causa da intrínseca relação entre o afeto e o acesso de qualquer pessoa a minh’alma; mas fui constrangido nessa minha concepção e valores: acreditando ter que me desculpar pela ausência dele (afeto) nas minhas relações, vi-me quase que em vias de desculpar-me por ele.
Esse foi um choque de realidade muito sofrido para mim.
Não queria ter que me desculpar por querer bem, preferiria mesmo me desculpar pelo contrário; me dói menos... então, redescobri o caminho da agressão.

De cara foi triste, porque ainda queria abraçar, querer bem, e frustrar esse pulso afetivo exigiu de mim muita energia; mas as respostas prontas nas relações, tão estereotipadas, me estimularam às farpas, e como foi bom!!!

Não poupei nenhuma nem ninguém, de caso pensado, e logo justifico o porquê. Acho mesmo que vou usar dois exemplos pela sua semelhança: o perninha podre e o gordo do olho junto. Kkkkkkkkkkkkkkk...

Gosto bastante desses dois (in)amigos, mas não ando admitindo isso sempre nem muito facilmente... kkkkkkkkkkk... Em comum, eles carregam uma característica que me falta em sua totalidade: a arte diplomática! Nela, as coisas e relações parecem ter padrões e limites muito bem estabelecidos, respostas pensadas e polidas... Muito bacana! Preciso aprender para o bem do meu “bebedor de lavagem”! Mas prefiro que os que amo não usem dessa habilidade comigo!!!
Não é fácil querer bem ao gordo ridículo e ao perninha podre, custam a nos dar acessos além da sala de estar... escolhi mesmo odiá-los.

Por quê? Oras! Muito fácil explicar: gosto deles e sei que gostam de mim (mesmo que, como eu, não admitam isso nem sob pena de morte). E por isso, pelo bem que nos une, me nego a receber suas respostas humanas e afetivas pré-fabricadas. Os odeio para sairmos dos padrões e vivermos relações que exijam respostas mais puras e fora deles; relações onde não precisemos ser bons sempre, nem sensatos sempre, nem certos sempre, mas onde fique claro o que há para além de tudo isso e justificando tudo: o bem que nos une.

Acho mesmo que estou aprendendo o que queria dizer Tereza D’ávila ao anunciar de Deus: "Ó laço que juntais coisas desiguais/não desateis o que atais, pois atando forças dás/ pro bem até aos ais".
Pelos acessos humanos permitidos e aos negados nessa incrível, maravilhosa e imprevisível arte de se relacionar, agradeço aos meus amigos... digo INIMIGOS!!! Kkkkkkkkkkkk...
Façam um esforço! Sei que a voltagem de vocês ainda prescinde de fusíveis, mas... façam um esforço! Sou chato e ridículo o suficiente para não perder meu precioso tempo com o que ou quem não amo. O que entender então do tempo em que me ocupo em odiá-los?

A todos os que me amam no que resta de nós quando cessam as palavras e gestos e falam apenas os olhos delatando-nos no que trazemos dentro o meu amor e minha gratidão.