segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Happy Day... happy life...

Hoje eu acordei tão feliz, mas tão feliz... sei lá...

Queria sair pela rua, sorrindo, cantando, dizendo bom dia e beijando as pessoas...

Se eu não fosse um covarde era isso que eu deveria ter feito, mas ainda tenho medo de levar socos, querer bem pode ser muito ariscado às vezes... kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk... mas deveria mesmo ter feito... Como covarde, para não deixar se perder aquele pulso de afeto, mandei algumas mensagens de carinho pela net (sem por em risco o meu “bebedor de lavagem”)...

Por que amanheci assim? Não sei! Ou talvez até saiba...

A mesma cama... o mesmo quarto... o mesmo careca deitado nela abrindo os olhos para mais um dia... Ou melhor: para o dia! O único que tem!

Vivemos recebendo mensagens de ajuda sobre a questão do tempo, mas parece tão distante; mas é verdade: ontem? Passou! Não tenho como voltar! Amanhã? Não sei, ainda não tenho! Só tenho o hoje... Esse é o meu dia e o meu momento de ser feliz!!!

Mas por que sou feliz? Essa pergunta me constrange...

O ser careca que abriu os olhos na minha cama hoje nada tem: sem trabalho, por isso sem grana; sem títulos, por isso sem visibilidade nem honras... É isso que nos ensinaram como bem, como felicidade, não foi?

Nada disso tenho... sou o inverso do que as pessoas entendem de felicidade... mas por que sou feliz?

Mania burra essa de viver procurando explicações pra tudo!!! Talvez por essa mania eu tenha ainda tanto medo de ser feliz, porque gostaria de sentir uma felicidade em conformação com a minha razão, uma felicidade justificável e entendida... Um burro! Um tolo! Sábio eu seria se me permitisse ser feliz em momentos como esse, em toda sua intensidade, sem razões plausíveis... feliz!!!

Mas se é de razões que a mente carece, posso elencar algumas... já disse que não tenho nada; e paradoxalmente tenho tudo, e talvez mais que muita gente desejaria ter nos seus melhores sonhos... ou talvez até tenha mas não aprendeu a perceber ou valorizar...

Tenho tudo! Tenho mãe, pai e irmãos que me amam e se esforçam por me compreender, mesmo quando nem sempre facilito isso; Tenho amigos incríveis, os mais variados: os que falam de si, os que falam dos outros para esconderem a si mesmos; uns ridículos, outros engraçados, outros educados e sóbrios; outros atores que fingem tanto ser quem não são que quase se convencem – gostaria de me deixar convencer também; tem até os que me odeiam, e os que me aturam porque acham inconveniente ser sinceros... tenho amigos de todo tipo, e quero a todos, sempre, perto de mim, mesmo à distância. Com eles aprendo do grande desejo de ser feliz que impulsiona a gente a seguir. Como posso empobrecer em tão rico contato?

E como se não bastasse, tenho ainda Deus... Que me presenteou com esses olhos enormes e sensibilidade para perceber toda essa maravilha à minha volta. E ainda como se não bastasse, mesmo quando tudo parece escuro, a simples lembrança da sua existência se faz suficiente para todo clarear e fecundar de alegria e vida.

É estranho, mas parece que estou em tudo, que tem algo de mim em tudo, me identifico com tudo e tudo me pertence... mas não me encaixo em nada... mas só por hoje isso não vai me constranger...

Sinto-me uma das pessoas mais feliz e agraciada do mundo e gostaria hoje de gritar isso, diretamente do meu nada para todo o mundo...

Se amanhã, quando chegar e for meu novo hoje, eu tiver motivos para chorar, chorarei. Ser feliz não implica não sentir dor, ao contrário, implica em sentir tudo, e eu não abro mão de nada...

Mas hoje... ahhhhhhhh... hoje... hoje é um dia de ser feliz, muito feliz! E às vezes preciso respirar devagar e pensar baixinho por medo que a felicidade me mate ou me tire à consciência de forma que eu não possa contemplá-la...

E fica minha gratidão a todos quantos, da sua forma, do seu jeito, com as delicadezas e asperezas próprias dos seus corações que me dedicam, o meu agradecimento por ser assim tão feliz!!!

Um conselho: quando me encontrarem em dias assim, se não quiserem passar vergonha, defendam-se bem, pois posso me cansar de ser um covarde e dar um beijo bem em suas bocas!!!
Kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk...
Louvado e amado seja o Deus fonte de todo amor, felicidade e beleza! Amém!!!

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Um certo brilho no olhar...

Há uns dois ou três dias atrás me encontrei, num breve, com um amigo... Ele tava diferente... Tomado de grande ansiedade e euforia, trazia um brilho diferente no olhar... Tinha pressa pois corria o risco de perder o ônibus que o levaria para ver seu “controle” com quem teria um “mato” com chocolate e tudo. Rs rs rs rs rs rs...

Não entendeu? Desculpa! Vamos lá!

CONTROLE: no dicionário da orla do canal de São Miguel – dialeto aprendido de Dona Miúda da Serrinha – alguém a quem se sente afetivamente ligado por laços de paixão, amor ou sentimentos afins.

MATO:
dialeto agregado a nós pelo aborígine Pepé aprendido em seu programa preferido “Toma lá da cá” com seu personagem predileto “Copélia” (de onde vem seu apelido abreviado “Pepé”) - significa... significa... Na verdade “prefiro não comentar”! kkkkkkkkk... Sinônimo: “lesco-lesco”.

Voltando... Meu amigo tinha todo o seu rosto, e por que não dizer toda sua existência, iluminada pelo prazer de encontrar a quem quer bem; e como numa mensagem subliminar contagiou-nos a todos...

Se eu senti inveja? Inveja? Eu? COM CERTEZA!!! Kkkkkkkkkkkk... Ando meio invejoso mesmo (desde a penúltima postagem) de tudo o que é bom!!!

Queria eu ser acometido também por um sentimento tal que me fizesse brilhar meus olhinhos tão pequenos... kkkkkkkkkkkk... mas me deparei com a ausência dele...

Conversando com Pepé (no dizer do Cobra – sabemos falar de nós), partilhando do mundo inteiro que acontece em volta e dentro de nós, chegamos ao consenso de que só vontade não une as pessoas; todos nós temos expectativas e idéias de realização diferentes... e nessa perspectiva, relações são o tocar de dois mundos que, apenas pela razão, se tocam apenas, porque a razão ressalta diferenças... só o amor pode fazer esses mundos entrarem em intersecção de forma que, sendo um (e não se pode ser em tudo), preserve-se a individualidade.

Em resumo seria algo mais ou menos assim: relações, quando motivadas por amor, são a intersecção de mundos diferentes, com noções de realização e expectativas diferentes que, juntos, encontram forças para se estimularem e alcançarem suas realizações, sem negação das individualidades.

Eita! Que coisa tão conceitual e metódica!!!
Basta amar e pronto!!! O resto vai-se aprendendo!!!
Agora sim! Ficou melhor!

Se só razão e vontade não são suficientes, então é vã minha inveja... tudo o que tenho a fazer é esperar que o amor me toque e me abençoe por sua presença. E enquanto ele não chegar, doar a outras coisas o brilho dos meus olhos: a Deus, aos meus outros amores (família, amigos, pessoas, letras, musicas) e não permitir-me nisso ser menos encantador nem encantado.

Tenho inveja


Hoje estou triste, e corri a vir aqui escrever antes que a minha tristeza passe... dura sempre muito pouco, mas o suficiente para me fazer olhar para onde dói...

Não aprendi a sofrer, ou a ser um sofredor, não sei! As minhas dores são sempre limitadas pela minha compreensão delas, pela justa apreciação delas dentro do que me construí e como conseqüência da escolhas que fiz, o que tira de mim totalmente a idéia de sofredor... Mas eu adoraria ser um, sabe? Eu adoraria ser um sofrido a quem acalentam...

Sinto em mim a supremacia da razão que, sujeitando tudo, não inibe a emoção que me aflora por cada poro, mas anula a “melindrice” e os excessos. O que é bom... mas adoraria pensar menos... Entender menos... ponderar menos...

De fato, nunca fui um cara convencional, não me deixei escravizar pelas estruturas sociais e estereótipos. Por isso tenho muito orgulho do que construí de mim mesmo, mas será que sou livre? Quem olha para minha trajetória diz que sim... Mas o que é a liberdade? Sendo livre das convenções sociais fui sempre, por outro lado, preso às minhas próprias convenções, às minhas próprias representações das coisas e de tudo... preso às minhas amarras e ponderações... Sendo assim, sou de fato livre? Fiz da verdade uma bandeira; mas o que é a verdade? Um adolescente infrator entra numa casa para roubar e, surpreendido pelo filho do proprietário, de súbito, o mata, sendo alvejado na seqüência pelo pai do garoto. Na sala dois mortos. Nos velórios duas mães. Qual dessas dores é a mais sentida? Para essas mães, o pai que matou o adolescente assaltante é menos assassino para uma do que o é o adolescente morto para a outra?

Verdades... Pontos de vista... Histórias... Vidas... Onde está a verdade?

Conheço uma única verdade em Deus – Ele é a verdade – todo o resto é relativo!

Estou triste... sagrada a enxaqueca que me sensibiliza para comigo mesmo... e hoje, e talvez só por hoje, eu sinta inveja das pessoas do “submundo”; inveja dos loucos por não terem cadeias nem ponderação entre ações e conseqüências; inveja da falta de pudor das prostitutas; da frieza dos psicopatas; da lisura dos cínicos; da pureza indiscreta das crianças; inveja de Jesus por seu amor total; inveja das mães por descobrir o que é ter alguém por quem se tem coragem de dar a vida; tenho inveja das bolas de sabão que duram tão pouco mas que, em sua breve existência refletem, quando tocadas pelo sol, todas as cores do arco-íris antes de inexistirem; inveja dos amantes que arriscam tudo... Tenho hoje, e talvez só por hoje, inveja de tudo quase, e até de mim mesmo quando sou eu de fato...

E essa inveja de hoje provem de uma descoberta triste e incoerente com tudo o que acredito de mim: um coração egoísta para o amor. Tenho tanta sede de me dar que não sei me dar. Burro, na ânsia da intensidade, querendo derramar-me sempre todo em tudo, desaprendi que, de gota em gota, por um rachão, esvazia-se um pote e, diferente do que estourou e todo se derramou, experimenta ir-se esvaziando, descobrindo os espaços, tendo sempre cheia pela água que se infiltra e desce, a fissura que o fragiliza a ponto de o pôr sempre a espreita de estourar e perder-se por inteiro...

Hoje... hoje... não sei... não sei nada mais... nem o que queria dizer – se de fato quis dizer alguma coisa ou apenas não entendi que há dores que não se traduzem... Mas sinto o prazer de ser incoerente hoje... e hoje, e só por hoje, tenho inveja de tudo, até das pessoas coerentes sendo esse um mal o qual hoje, e só por hoje, rejeito...

Ao fim desse grande “nada dito” clamo a Deus nessa noite que vem depressa fazer-me gás quente e leve e, por ação do sopro do espírito, correr ligeiro o mundo inteiro tocando e provando tudo o que invejo para amanhã, ao acordar o de sempre, sabendo do amargor e doçura que há em tudo, retornar às minhas queridas coerências e ponderações que me trouxeram até aqui quem sou, para que, através delas, pesando e ponderando tudo, possa decidir continuar a ser quem tenho sido ou ser outro que ninguém e nada mais é que o eu essencial que sempre fui.

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

O livro dos dias

Há pouco senti uma atração e motivação interior imensa para escrever, mas o mais interessante é que essa motivação não veio movida por um assunto especifico sobre o qual tratar... nem sempre vem... e aqui estou eu, ou melhor, estamos nós, eu e você, esperando por quais caminhos essa sutil motivação nos levará...

Acho que vamos por aqui:
Esteve conosco, em minha casa, por alguns dias, minha sobrinha Julia (13 anos). Havia aproximadamente uns dois anos que não nos víamos... Uma explosão de energia a Julia: pulando pra lá e pra cá, topando nos móveis, quebrando coisas... Um furacão rebatizado KID (Kidesastre) kkkkkkkkkkk... Ter alguém novo no ninho requer adaptação; estando comigo no meu quarto, para celebrar nossa eterna empatia e união, alterou minha rotina... kkkkkkkkkkkkk... E eu, o tio resmungão, a reclamar e “passar gato” a três por quatro, sem contar uns puxõezinhos de orelha e uns beliscões para animar o processo...
Mas aí chegou o dia da nega ir embora... Volta à rotina, mas meu quarto é um pouco mais pobre... Não tenho mais KID para reclamar, para culpar pelo desmantelo e pelas coisas que somem; não tenho mais minha cúmplice de presepadas e risos; não tenho mais minha companheira que conversava tanto antes de dormir que cansava a língua; não tenho mais para quem gritar pela janela do quarto: “Julia! Desça agora! Não é daqui a pouco nem já já, é agora!”. Saudades da minha Nega Ni...
Em Caruaru – Pepé. Ô Pepé danado: pula, dança, se escorropicha pelas paredes... Adorando o mato, um verdadeiro aborígine na cidade... kkkkkkkkkkk... Com Pepé a crise da ética humana e dos relacionamentos: tendo nessa amizade um caminho totalmente aberto e de via dupla, observando questões em desalinho, meter-me ou não? Até que ponto se tem o direito de intervir na vida do amigo? Ou até que ponto isso é um dever? Ou ainda, que limite separa o dever afetivo de evidenciar algo na vida do outro e o limite para intervenção? Tendo algo para dizer a Pepé sobre ele mesmo, silenciando me sentia omisso e desonesto, falando um invasor, e fiquei dividido e triste...
Em alguns minutos, alguns olhares, poucos beijos e abraços tentar matar as saudades de Anne a Fabiana em quem “demos um cano”.
Com as meninas de Pão de Açúcar um misto: Sandra, a Leoa do Norte, fina e de pavio curto (digo: sem pavio) kkkkkkk... Para unir essas duas características recorrendo infinitamente ao lema “prefiro não comentar” – sábia técnica, preciso aprender; Carmem e sua avareza sentimental de não nos permitir demonstrar por ela carinho; Wagna a própria sedução pela clareza e altivez dos seus olhos; e Adriana? Essa agora deu pra “balançar a roseira” coletivamente e não deixa ninguém falar ao telefone... kkkkkkkkk... Como empobrecer num contato tão... tão... tão... assim!
Com Adriano um mal estar engraçado e divertido de raízes subentendidas mas que aqui nos serve a idéia de que as pessoas se sentem de forma diferente, que cada amizade é uma amizade com traços e padrões diferentes; talvez, na padronização o erro.
Em Joanês um breve de claro e escuro... na amizade uma compreensão da alma do outro na entrelinha, mas carente de confirmação na linha.
E tem ainda o que “fala de si”, o Fábio cobra com sua dentadura inoculadora de veneno... kkkkkkkkkk... Alguém distante mas bem presente nesse meu retiro... o companheiro no “infinity pré da TIM” com quem o assunto nunca falta...
Não poderia deixar de citar o Caninana enferrujado com carne por dentro dos ossos (Fran) que melindrasse facilmente e com tudo mas cujo coração melindroso também é morada de amizade fiel e prestativa.
De Arcoverde a notícia do falecimento de seu “Oré” e a triste sensação de estar longe das pessoas que amo e que sofrem essa perda, especialmente um abraço que tenho guardado para Will, filho de seu Ore, grande e querido amigo da minha juventude mas agora separados pela vida adulta, como se na dor pudéssemos fazer voltar o tempo...
E eu? Eu aqui sozinho no cafofo de Alan; quer dizer, sozinho não, infinitamente acompanhado dessa gente toda aí e de tantos outros que não poderia aqui relatar...
Essa foi a minha semana, e com eles: Julia, Alan, Adriano, Sandra, Wagna, Carmem, Adriana, Fábio, Fran, Will, me descubro vivo, intenso, real... Aprendo dessa maravilha que é encontrar pessoas, fazer e ter amigos... Aprendo que cada relação é uma relação e que nos encontramos sempre em pacote para presentes que inclui gostosuras e travessuras... Aprendo que não se pode ser todo e tudo luz, porque a luz excessiva não permite ver e contemplar e precisamos também das sombras para revelar a forma e os contornos... Aprendo da singularidade de cada pessoa, e do valor dessa singularidade agregada a mim, ensinando-me, lapidando-me, fazendo-me melhor e pior... No dizer do COBRA, tenho amigos de todo tipo: os que falam de si, os que falam do mato, os que falam de música, os que só pensam em comer, os que administram cercas elétricas para evitar afetos... kkkkkkkkkkk... “ô inferno pra ter cão!!!” kkkkkkkkkk...
Como você pôde ler, foram essas palavras simplórias, um relato simples da rotina afetiva de uma pessoa comum, sem grandes especulações psicológicas ou filosóficas. Mas, por outro lado, na simplicidade desses relatos, temos contato com a arte cuja apropriação é desejada e ansiada por muitas das teorias escalafobéticas e intra-histológicas das ciências humanas: A ARTE DE SE RELACIONAR, FAZER E MANTER AMIGOS.
Outro dia, ao relatar para um amigo o quanto sou chato, ele me perguntou: “que características uma pessoa tem que ter para te aturar?”, ao que respondi com presteza: “ME AMAR”. No mundo das relações humanas só dura o que tocado pelo amor, e esse, graças ao Amor supremo, nunca me faltou nem jamais há de faltar.

terça-feira, 18 de agosto de 2009

"O QUE ESSA IMAGEM TE DIZ?"


Mexendo numas pastas, onde guardo coisas para mim preciosas, encontrei esse desenho feito a lápis tem um bom bocado de tempo...
Lembro-me com muita clareza do tema com o qual o desenhei:
"AMIZADE".
O amigo Fábio comentou outro dia do auxilio que as imagens dão às palavras desse blog; unindo isso ao meu desejo de encontrar uma forma de saber o que pensam os leitores de tudo quanto partilhado aqui (e quase nunca comentam), resolvi postar esse desenho com a pergunta:
"O QUE ESSA IMAGEM TE DIZ?"
Agora é sua vez de partilhar comigo de você e do que pensa e sente...
Deixe seu comentário!
Ansiosamente esperarei...

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

O tal Deus das promessas...


Tenho ouvido muito falar nas promessas de Deus ou no Deus das promessas, tanto faz, ambas as proposições são uma espécie de marketing que, em tempos de calamidades sociais, faz com que as pessoas se aglomerem em busca de resultados milagrosos que as afastem de seus problemas.

Gozado isso: somos mentirosos, insensatos, pérfidos, hipócritas, egoístas, individualistas e gananciosos... Em consequência disso há fome, miséria, violência, morte... E há quem culpe Deus indagando: “Onde Deus está que não vê isso? Por que não faz nada?”

Egoístas como somos, mergulhados em nosso orgulho ou desespero, jamais compreenderemos Deus... Mas vale-nos recordar que Deus não nos fez para sermos escravos seus, para conduzir-nos como arionetes segundo sua vontade, não! A intenção de Deus é amor; e condição indispensável para o amor é a liberdade – ninguém ama porque é obrigado a amar! O amor é um exercício de liberdade, por iso o dom supremo do livre arbítrio...

Dotados de total liberdade, com inteligência capaz de nos fazer chegarmos as mais incríveis descobertas, inclusive a mais incrível de todas que é o conhecimento de Deus, temos utilizado das nossas potencialidades para a destruição: seja dos sonhos, da poesia, da subjetividade; seja da natureza e dos recursos humanos; seja a destruição uns dos outros direta ou indireta da que fazemos parte... Livres, somos agentes de atos cujs consequências se voltam contra nós sendo culpados ou inocentes... o pecado continua gerando morte...

Diante disso, gritam-se aos quatro cantos as promessas de Deus ou o Deus das promessas...

Nisso vários riscos... O mais imediato deles fazer de Deus um mercado de milagres. Como não estamos mais habituados à gratidão, logo a dificuldade seja sanada, Dele esquecemos e voltamos à nossa ignorância. Outro, talvez ainda mais nocivo que o primeiro, o de nos isentarmos da responsabilidade de construir o bem: "esse é um mundo de dor; aqui sofremos para ser felizes adiante; vivamos vidas infecundas a espera do cumprimento das promessas de Deus..."

Mas você ainda pode se confundir e perguntar: Mas afinal, Deus cumprirá ou não as promessas?

E eu replico com algumas perguntas em resposta: O sal precisa prometer salgar ou o açúcar adoçar?

Deus é em si mesmo toda a promessa e o cumprimento dela. Sendo fonte de todo o sumo bem, não precisa prometer amor quando é fonte e origem de todo amor; não precisa prometer misericórdia quando é todo misericórdia; não precisa prometer paz quando é sede da paz...

Então é só procurar e encontraremos tudo de que necessitamos em Deus?

Exatamente, mas não com pouco esforço!
A ação de Deus não é exterior, ao contrário, é interior: Ele age do lugar que habita em nosso peito, em nossa vida, em nosso coração – dentro de nós! Tanto mais sua ação é eficaz quanto mais o damos espaço... Daí o esforço: liberar os espaços interiores dos entulhos que as preocupações e egoísmo desse mundo que construímos, e nos determina a seu modo, imprime em nossa conduta e em nossa noção de felicidade.

E, outrossim, somos partícipes da ação e graça de Deus também para os outros quando, tendo no peito a origem do amor, agimos segundo o amor; tendo no peito a origem da misericórdia, somos misericordiosos; quando crescendo em nosso peito a origem de todo o bem, lutamos pelo bem...

Esperar então pelas promessas? Não! Apenas deixar que elas aconteçam a partir de nós.
Sofrer as opressões desse mundo na espera de um outro maravilhoso? Não! Fazer esse mundo maravilhoso...

E enquanto perdemos nosso tempo perguntando onde está Deus quando as coisas dão errado, Ele insiste em nos mostrar que a vida pode ser maravilhosa, nas pequenas coisas que nossos olhos adestrados para a grandeza não nos tem permitido ver: quando nasce uma criança; na natureza que se renova; num dia que nasce lindo; na risada que damos sem esperar que expande nosso pulmões e parece enche-lo de vida; numa carta que recebemos de alguém que já não dava notícias fazia tempo; no tempo que, em silencio, olhamos dormir quem amamos...

Oxalá nesses momentos nosso coração fosse tomado da compreensão de que tudo isso é um milagre, que Deus, a todo instante, está cumprindo suas promessas e, gratos, soubéssemos enviar-lhe um pensamento de amor cumprindo a única resposta que nos pede – AMAR.