Acabei de achar na minha pasta do orkut uma mensagem de 21 de março de 2007... Achei bem interessante e resolvi voltar a postá-la aqui:
A quaresma sempre foi para mim momento de reflexões, e essa prática quando constante, traz a mente elementos nunca antes imaginados...
Em meio a tais reflexões, vejo surgir a polêmica sobre o documentário de James Cameron que diz ter encontrado o túmulo da sagrada família, informação que se cruzou com algumas pregações doutrinárias que ouvi durante toda a minha vida onde era dito que “se Cristo não tivesse ressuscitado, não haveria motivos para fé...” tudo isso girando e se misturando na minha mente como num liquidificador... e o resultado: indignação.
Percebi, nesse mix de idéias, que nós, cristãos, ao longo da história e prática da nossa fé, cometemos um erro terrível: Capitalizamos nossa crença e a transformamos num passaporte para o céu. Transformamos assim atitudes de caridade e serviço em moedas de troca pelo reino do céu (sempre distante e póstumo). Utilizamo-nos dessa idéia de vida eterna para nos ausentarmos do compromisso de realizar a vida em sua plenitude ainda aqui nessa terra.
Atribuindo ao momento presente status de dor em oposição a uma Jerusalém celeste de glórias eternas, colocando assim, em nossa mediocridade, a máscara da humildade e atribuindo a esse feito status de virtude.
Fiquei a me perguntar se, sendo afirmada a veracidade da pesquisa, as pessoas ainda seriam fieis em sua fé, se ainda seriam solidárias sem o céu por objetivo.
Numa atitude muito pequena e insana, tentando atribuir ao Cristo/Deus pensamentos e sentimentos humanos, me pus a pensar no quanto deva ser decepcionante para Ele constatar que, mesmo dando ao seu povo instruções para solidariedade e fraternidade, mesmo expulsando dos seus corações os demônios da cobiça e vingança, mesmo curando as suas enfermidades de medo e solidão, mesmo carregando heroicamente o madeiro símbolo dos seus pecados... tudo isso se faz nada se não lhes dá o céu que desejam.
Imaginei sua decepção em perceber que líderes como Gandi, Martin Luther King, Aristóteles e outros, conseguiram seguidores e fieis defensores do seu modo de pensar e viver, e que dele (segundo pregações incontáveis das quais a pouco lhes falei), sendo inválida a promessa do céu, nada restaria.
Cheguei então ao uma conclusão que viria a retirar dos nossos olhos essa trave – ridícula atitude de câmbio:
“Destruamos o céu”
Se retirarmos das nossas mentes esse desejo insano por uma gloriosa vida eterna, trataremos de construir o céu aqui, ainda por sob essa terra, ainda com corpos aquecidos pelo sol que se ergue imponente todos os dias para bons e maus, e mentes e corações iluminados por sol ainda mais intenso e brilhante que é o nosso Deus.
Se destruirmos o desejo por uma vida eterna sem dor, pararemos de mitigar dignidade e a construiremos com os braços fortes da solidariedade e caridade. Sem a consolação eterna teremos apenas o curto período dessa vida para construirmos e usufruirmos desse céu tão desejado de igualdade para todos. Buscaremos Deus dentro, na busca do auto-conhecimento e revitalização da nossa essência onde Deus habita, e o encontraremos também fora, na prática caritativa dos ensinamentos do seu filho amado.
Já não nos conformaremos com a dor, e não só exigiremos (típica atitude de apontar e colocar a culpa nos outros), mas construiremos justiça e dignidade para nós e para todos, pois a felicidade é desejo latente, e urgente para quem só tem esse efêmero momento para alcançá-la.
Sinto em meu próprio peito – corruptível, ganancioso, insensato e medíocre como o de qualquer pessoa que existe, existiu ou existirá – que amaria e serviria a Jesus, sem nenhuma recompensa que não o próprio bem de ver melhorados os meus dias por uma práxis sob luz dos seus ensinamentos. Se isso a mim, exageradamente igual em tudo a todos, é possível, também se fará a qualquer um, especialmente aos frutos que virão a brotar de árvores já libertas dessa fé capitalista.
Não quero, contudo, afirmar ou encorajar descrença no céu. Confio e sei de sua existência mais do que confio na minha própria existência. Apenas não suporto, como cristão, ver desvirtuado o ensinamento de Cristo Jesus. Não tolero ver seu maior dom entre nós semeado, a caridade, usada de maneira egoísta em troca de um bem individual (salvação e consolo).Como queria ver o avanço do conhecimento e filosofia aplicados a reflexão desses mandamentos tão exageradamente complexos por sua simplicidade:
“Ama o Senhor teu Deus com todo o teu coração, com toda a tua alma e com toda a tua força. E ama ao teu próximo como a ti mesmo”.
Se ao amor do nosso Deus aplicássemos nossas faculdades de conhecimento, vivêssemos em plenitude nossos sentimentos e aplicássemos as nossas forças ao melhoramento da nossa realidade. Se para o nosso próximo buscássemos a promoção da dignidade e desenvolvimento de todas as nossas potencialidades que para nós desejamos, mudaríamos a face da terra; conheceríamos o reino de Deus tão cobiçado...
E o céu?
Continuaria onde sempre esteve, só que não mais em oposição a uma vida de desventuras e dor, mas como continuidade, eternização de um bem ainda nessa vida construído.
Destruindo o céu na busca da vivência de um amor desinteressado a Deus e aos irmãos, ganharíamos o céu por excelência; teríamos, no livro dos dias, escritas com letras de luz, impressões de virtudes reais (não meras conveniências como somos obrigados a ver), que nos fariam merecedores irrefutáveis de gozar da glória do Nosso Senhor.Por essas e tantas outras razões que essa leitura desperte em sua alma:
Destruamos o céu para conquistá-lo!!!
A vós, graça e paz da parte do Senhor nosso Deus.
Quaresma Verão de 2007
Rennan de Barros
A quaresma sempre foi para mim momento de reflexões, e essa prática quando constante, traz a mente elementos nunca antes imaginados...
Em meio a tais reflexões, vejo surgir a polêmica sobre o documentário de James Cameron que diz ter encontrado o túmulo da sagrada família, informação que se cruzou com algumas pregações doutrinárias que ouvi durante toda a minha vida onde era dito que “se Cristo não tivesse ressuscitado, não haveria motivos para fé...” tudo isso girando e se misturando na minha mente como num liquidificador... e o resultado: indignação.
Percebi, nesse mix de idéias, que nós, cristãos, ao longo da história e prática da nossa fé, cometemos um erro terrível: Capitalizamos nossa crença e a transformamos num passaporte para o céu. Transformamos assim atitudes de caridade e serviço em moedas de troca pelo reino do céu (sempre distante e póstumo). Utilizamo-nos dessa idéia de vida eterna para nos ausentarmos do compromisso de realizar a vida em sua plenitude ainda aqui nessa terra.
Atribuindo ao momento presente status de dor em oposição a uma Jerusalém celeste de glórias eternas, colocando assim, em nossa mediocridade, a máscara da humildade e atribuindo a esse feito status de virtude.
Fiquei a me perguntar se, sendo afirmada a veracidade da pesquisa, as pessoas ainda seriam fieis em sua fé, se ainda seriam solidárias sem o céu por objetivo.
Numa atitude muito pequena e insana, tentando atribuir ao Cristo/Deus pensamentos e sentimentos humanos, me pus a pensar no quanto deva ser decepcionante para Ele constatar que, mesmo dando ao seu povo instruções para solidariedade e fraternidade, mesmo expulsando dos seus corações os demônios da cobiça e vingança, mesmo curando as suas enfermidades de medo e solidão, mesmo carregando heroicamente o madeiro símbolo dos seus pecados... tudo isso se faz nada se não lhes dá o céu que desejam.
Imaginei sua decepção em perceber que líderes como Gandi, Martin Luther King, Aristóteles e outros, conseguiram seguidores e fieis defensores do seu modo de pensar e viver, e que dele (segundo pregações incontáveis das quais a pouco lhes falei), sendo inválida a promessa do céu, nada restaria.
Cheguei então ao uma conclusão que viria a retirar dos nossos olhos essa trave – ridícula atitude de câmbio:
“Destruamos o céu”
Se retirarmos das nossas mentes esse desejo insano por uma gloriosa vida eterna, trataremos de construir o céu aqui, ainda por sob essa terra, ainda com corpos aquecidos pelo sol que se ergue imponente todos os dias para bons e maus, e mentes e corações iluminados por sol ainda mais intenso e brilhante que é o nosso Deus.
Se destruirmos o desejo por uma vida eterna sem dor, pararemos de mitigar dignidade e a construiremos com os braços fortes da solidariedade e caridade. Sem a consolação eterna teremos apenas o curto período dessa vida para construirmos e usufruirmos desse céu tão desejado de igualdade para todos. Buscaremos Deus dentro, na busca do auto-conhecimento e revitalização da nossa essência onde Deus habita, e o encontraremos também fora, na prática caritativa dos ensinamentos do seu filho amado.
Já não nos conformaremos com a dor, e não só exigiremos (típica atitude de apontar e colocar a culpa nos outros), mas construiremos justiça e dignidade para nós e para todos, pois a felicidade é desejo latente, e urgente para quem só tem esse efêmero momento para alcançá-la.
Sinto em meu próprio peito – corruptível, ganancioso, insensato e medíocre como o de qualquer pessoa que existe, existiu ou existirá – que amaria e serviria a Jesus, sem nenhuma recompensa que não o próprio bem de ver melhorados os meus dias por uma práxis sob luz dos seus ensinamentos. Se isso a mim, exageradamente igual em tudo a todos, é possível, também se fará a qualquer um, especialmente aos frutos que virão a brotar de árvores já libertas dessa fé capitalista.
Não quero, contudo, afirmar ou encorajar descrença no céu. Confio e sei de sua existência mais do que confio na minha própria existência. Apenas não suporto, como cristão, ver desvirtuado o ensinamento de Cristo Jesus. Não tolero ver seu maior dom entre nós semeado, a caridade, usada de maneira egoísta em troca de um bem individual (salvação e consolo).Como queria ver o avanço do conhecimento e filosofia aplicados a reflexão desses mandamentos tão exageradamente complexos por sua simplicidade:
“Ama o Senhor teu Deus com todo o teu coração, com toda a tua alma e com toda a tua força. E ama ao teu próximo como a ti mesmo”.
Se ao amor do nosso Deus aplicássemos nossas faculdades de conhecimento, vivêssemos em plenitude nossos sentimentos e aplicássemos as nossas forças ao melhoramento da nossa realidade. Se para o nosso próximo buscássemos a promoção da dignidade e desenvolvimento de todas as nossas potencialidades que para nós desejamos, mudaríamos a face da terra; conheceríamos o reino de Deus tão cobiçado...
E o céu?
Continuaria onde sempre esteve, só que não mais em oposição a uma vida de desventuras e dor, mas como continuidade, eternização de um bem ainda nessa vida construído.
Destruindo o céu na busca da vivência de um amor desinteressado a Deus e aos irmãos, ganharíamos o céu por excelência; teríamos, no livro dos dias, escritas com letras de luz, impressões de virtudes reais (não meras conveniências como somos obrigados a ver), que nos fariam merecedores irrefutáveis de gozar da glória do Nosso Senhor.Por essas e tantas outras razões que essa leitura desperte em sua alma:
Destruamos o céu para conquistá-lo!!!
A vós, graça e paz da parte do Senhor nosso Deus.
Quaresma Verão de 2007
Rennan de Barros
Um comentário:
"Destruamos o céu para conquistá-lo"[2]hihihihihhi
Façamos o céu começar aqui e agora!
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