segunda-feira, 8 de junho de 2009

Baile de Máscaras


Outro dia, há uma semana atrás exatamente, estive com uma amiga muito querida chamada Adriana a quem já fiz referência outro dia numa postagem...
Embora vira-e-mexe tenhamos notícias um do outro e nos mantenhamos ligados por laços outros além dos tangíveis, passamos sempre bom tempo sem nos encontrarmos fisicamente, mas isso foi mudado na semana passada.
Encontramo-nos sempre rodeados de muita gente e, num brevíssimo instante em que conseguimos ficar sozinhos, ela perguntou: "Você tá bem?", ao que respondi que sim e ela retrucou: "Bem mesmo? Ou usando uma máscara como os outros?". kkkkkkk...
Achei a pergunta perfeita!!! Mas tive que confirmar estar bem para não ser infiel a mim mesmo e ao meu atual estado, embora tenha compreendido totalmente a sua indagação...

E que indagação tão justa essa e quão dolorosa para quem se dá conta dela... posso dizer de própria experiência! Mas o fato é que vivemos mesmo em um baile de máscaras...

Ao longo da história, nós, seres humanos, fomos nos especializando em criar padrões e comportamentos estereotipados para singularizar nossos grupos; uma "burra" tentativa de fazer diferente o que é, por sua natureza, desigual - gente; seria algo como um jogo infantil de quem tem o brinquedo melhor - lembra? - "O meu carrinho tem lanternas que piscam!" "Besteira, o meu tem controle remoto!" kkkkkkkkkkk... da mesma forma os agrupamentos humanos foram criando padrões de comportamentos que foram sendo aceitos por todos - e eles não são em todo maus; são elementos importantes nas artes sociais - mas acabaram sendo obras maiores que seus autores... Olhemos o exemplo daquele monte de talheres que os bacanas usam pra comer: depois de tanto troca-troca de talheres, pratos e taças a comida já perdeu o gosto! kkkkkkk... Um artificio criado pela classe dominante para se diferenciar da forma de comer do "povão" - nenhuma finalidade prática em si mesma!!!
E assim compreendemos que fomos criando tantos estereótipos e padrões de comportamento humano aceitável que essa "catalogação humana" nos ultrapassou... prendemo-nos nas armadilhas que nós próprios criamos... E isso faz lembrar Jesus (e já usei essa expressão antes) ao indagar se o sábado foi feito para o homem ou o homem para o sábado...

Eita!!! Acabei misturando tudo!!! Mas vou voltar e tentar relacionar isso aí as máscaras do baile:
Aprendendo, desde o nascimento, as normas desse "catálogo" de posturas, sentimentos e aparências aceitáveis, sendo, originariamente, feitos diferentes e para diferença, para assumir essa supósta igualdade (em alguns casos até necessária) escolhemos a máscara mais adequada, e a que, muitas vezes, é inversa a nossa face fiel, como quando, por exemplo, escolhemos a máscara de sofredores - para manter as pessoas a nosso lado penalizadas; ou a de alegres - para esconder tristezas com as quais não sabemos lidar; ou a de seguros - para não dar vazão as nossas inseguranças...

Somos assim: máscaras... inseguranças... diferenças... gente...
E nisso se faz a magia do baile: dançar conforme a música que toca; encontrar parcerias para boa conversa e contra-dança; beber sem se embriagar; e, de tudo o mais belo e desafiador, descobrir a beleza que as máscaras escondem... sempre tem um momento na festa em que acabamos tirando, ou mesmo chega uma hora em que elas precisam cair...

Quando as pessoas as tiram por opção é sempre uma experiencia muito prazerosa... Mas o cair das máscaras é sempre momento de tensão porque, pegando desprevinido quem a ostentava, acaba revelando o que queria esconder - aí há dor a priori, vergonha, constrangimento, julgamento e espanto dos que vislumbram isso - mas depois vem a gozo, sempre vem depois...

Mas se sempre chega uma hora que as máscaras são retiradas, por escolha, necessidade ou de súbito, por que a usamos?

A resposta é simples e inversa ao que se pensa: É QUE SOMOS LINDOS DEMAIS!!!

Exatamente o que você acabou de ler - somos lindos demais! - e, embora acreditemos viver procurando isso, no fundo no fundo, temos medo de mostrar nossa face fiel e as pessoas nos amarem... tanto porque teriamos que revelar, além da nossa beleza estonteante nossa feiura, como teríamos que amar com intensidade e singularidade, o que é bem novo para quem aprendeu a seguir padrões; e todo novo amedronta, não é?

Se nos mostrarmos exatamente como somos travaremos relações de mais verdade e o amor terá campo aberto para se manifestar em toda sua força... mas vivemos com medo de não estar prontos... um estranho medo de não estar prontos para o que fomos criados... um estranho medo de querer o que nos move até a raiz mais profunda da nossa alma: o amor; e assim nos encontrarmos diante da face de Deus, não mais envergonhados como Adão e Eva, mas como homens e mulheres novos, libertos pela verdade e pela luz que ilumina o mundo e todas as criaturas que é Cristo Jesus, origem de todo o verdadeiro amor...

A quem, lendo isso, ache estar diante da opinião de um louco romântico qualquer - tudo bem!!! Demos um viva a liberdade de ser, compreender e existir da melhor forma que convier a cada um... Mas não tratamos aqui de fórmulas mágicas, decisões que mudam tudo num piscar de olhos, mas de atitudes novas, renovadas... Também eu uso as minhas máscaras!!! Algumas delas usei tanto e tão fielmente que até as confundi comigo mesmo, com minha face real... Outras nem me dei conta que usava... Outras usei segundo a maldade do meu coração... Mas tomei consciencia de que, nenhuma delas, nem a mais sofisticada, se assemelha a minha beleza, e sei do quanto sou feliz e livre quando não preciso usar nenhuma... e nesse baile que nunca termina, clamo a Deus, grande anfitrião dessa casa, não deixar-me faltar sabedoria para usar as máscaras que me forem necessárias, mas também para despir-me delas o quanto mais for possível, e que não me falte determinação para fazer a justa apreciação dos olhos cujas máscaras nunca podem esconder ou negar...

Beijão na bunda!!!

(Postagem dedicada a Adriana - Filha da Lua)

Um comentário:

S Roberta disse...

Benditas máscaras... porque as usamos?!
Porque não temos coragem de nos mostrarmos???
Acho que na verdade temos medo de nós mesmos!!!
Bjs mascarados kkkkkkkkkk!!!!