sexta-feira, 15 de maio de 2009

DESCABIDOS

Sei lá... De repente senti vontade de ouvir música alta novamente... vontade de viajar para um lugar que nem sei onde é... comer algo que também não sei... Vontade de ver amigos e rir alto... Como que o desejo, antes concentrado, agora se desdobra em outros pequenos e incompreensíveis desejos...

Pus-me a pensar no que havia acontecido... que mudança ocorrido para haver esse espaço dentro, essa vontade de expansão... Por que já não estou mais cabendo e não me conformo ficando quieto e tranqüilo aqui dentro onde, até bem pouco, me sentia tão bem?

A resposta vem clara: falta de alguém pra amar!!! Falta de alguém pra lembrar quando toca uma musica tranqüila... falta de ter em quem pensar antes de dormir...

Há um entusiasmo súbito, é verdade... a gente fica meio “descabido”; parece que já não cabemos mais no quarto, na casa (isso lembra Geo)... já não cabemos mais em nós!!! O coração meio que quer se emancipar, se expandir e partir em busca de novo bem...

Parece que estamos sempre cantando com Robertinha (Sá) “minha alegria voltou, brilhando com o alvorecer, quando deixei de amar e esperar por você...”.

Mas por
que será que a gente ri e doe ao mesmo tempo?
A ausência de um bem pra querer tem ares de liberdade, e isso é ótimo, mas o pior é que gostaríamos mesmo é de estar presos, como já dizia o velho Camões: Amar “é querer estar preso por vontade...”.

Seriam nossos corações como pássaros que nascem livres mas que são criados em gaiolas, domesticados nos afetos... quando deixam uma gaiola voam livres e gozam desse breve de expansão e liberdade, mas logo logo querem encontrar outra gaiola, outro abrigo...
E assim perdem a liberdade? Nunca!!!

Escolhendo prender-se, por vontade, nunca são tão livres: livres na escolha, na vontade de permanecer, de ficar... e as gaiolas não têm portas... Porque quando há no amor prisão, quando cessa a liberdade, já não há aí mais condições do pássaro do amor permanecer e fazer seu ninho, nem de cantar, ao entardecer as vésperas em louvor do Amor que deu-nos e gera o amor...

Para concluir, isso faz lembrar Chico e Edu Lobo em “Sobre todas as coisas”: Pelo amor de Deus... Não vê que Deus até fica zangado vendo alguém abandonado... Pelo amor de Deus! Ou, como diria minha amiga Adriana: Por Nossa Senhora!!! Kkkkkkkkkk...

É isso!!! Permanecemos assim, DESCABIDOS, até achar outro coração para permanecer, caber, escolher, descansar... pode até demorar, é verdade... mas, como diz a sabedoria popular, “não há de faltar um chinelo velho para um pé cansado...”, kkkkkkkkkk.

2 comentários:

S Roberta disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
S Roberta disse...

Fico linsonjeada em conhecer alguém que transforma sentimentos tão intímos em palavras tão belas...
Bjs