terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

NADA


Não sou bom em nada!
Nem bom poeta, nem bom cantor...
Não sei fazer nem o que acredito servir pra fazer...

Na verdade não sou bom em nada!!!
Mas talvez seja bom em ceder... Em permitir que Aquele que é bom o seja em mim...
Mas nem disso posso gabar-me: um instrumento não pode gabar-se, porque não existe em sua funcionalidade sem alguém que o opere!
Sou só um instrumento ruim e ineficaz!

Vejo coisas que as pessoas parecem não ver, escuto melodias que parecem não ouvir, toco e inalo flores e odores primaveris que ninguém parece tocar ou sentir, pelo menos não acordados... Mas não posso tomar parte em nada disso...

Podem os óculos tomar para si o que os olhos vêem?
Um violão oco e vazio querer ser dono da música que entra nele, se amplia e sai?
Ou uma enxada querer ter mérito num jardim florido por revirar a terra elementar?
Sou um grande nada, confundido entre a grandeza do que me toca os sentidos e a mediocridade da razão...

Não sou nada... E, estranhamente, hoje, esse nada ser não constrange meu ego. Ao contrário, lhe dá prazer, nem imenso nem pequeno, mas tênue e constante capaz o suficiente de tocar todos os recônditos do que sou, do nada que sou, do tudo que pareço ser quando nada sou, do nada onde pareço estar quando tudo sou... do silêncio que agora se apresenta como melhor forma de explicar o que sentido e não conseguido dizer nessas palavras...

...

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