Você já teve contato com pessoas
marrentas, caladas, defensivas, autossuficientes, sabendo que era tudo
mentira???? Kkkkkkkkkkk... Eu já!
Desconfio sempre de pessoas
assim... não uma desconfiança negativa relativa a valores, não! É que aprendi
que, quanto mais alto e reforçado o muro e suas cercas elétricas, mais há de
valor a ser guardado ali dentro...
De minha parte, sempre fui
travesso. Minha mãe nos comprava presentes e guardava no armário dela, eu
sempre abria antes, via, fechava de novo, e esperava ela entregar pra poder revelar
o delito. Kkkkkkk... Essas pessoas e suas cercas elétricas despertam o menino
arteiro em mim. Fico procurando pequenas brechas nos seus muros para poder ver
os jardins secretos que escondem, e como adoro seus jardins... Há sempre uma
brecha, e se uma brecha há, há em mim estímulo pra procurá-la, e alegria por
contemplá-la.
Usei a expressão “os jardins
secretos que escondem”, mas me sinto impelido a fazer uma justa correção para “os
jardins secretos que PRESERVAM”.
Todos nós nascemos sem muros...
eles vão sendo construídos... tijolo a tijolo... porque a vida vai mostrando
que algumas coisas em nós precisam ser preservadas... E talvez eu entenda, ou
não, não sei!
Tenho comigo que cada um de nós
tem um “tesourinho” de quinquilharias muito valiosas dentro. Seria como olhar
os bolsos de um menino e, nas suas bolinhas de gude, notas de papel de cigarro,
figurinhas e peças de um time de botão, encontrar seu tesouro. Quem pode
duvidar ou mensurar o valor daquele tesouro? Dizer pra esse menino que aquilo
não vale nada, com toda certeza do mundo, vai fazê-lo chorar...
Eu sou esse menino... Acho que
todos somos um pouco dele também. Não temos problemas em mostrar grandes
feitos, grandes virtudes ou coisas de fato louváveis, porque temos a certeza de
que isso será reconhecido. Nosso medo está justamente em mostrar as
quinquilharias mega valiosas que guardamos nos bolsos meninos da nossa alma,
por um motivo muito simples: medo de precisar chorar por não encontrar pessoas
com olhos sensíveis para reconhecer o valor imenso que aquelas coisas, fatos,
pessoas, rostos, sonhos, vontades, gestos, têm em si mesmas e pra nós. Eu sei
como é, também já chorei por isso...
E mais: em nossos dias, dias da
grandeza, do aparente, do visível, da valorização do forte, do audaz, do autossuficiente,
a ideia de deixar à mostra nosso pequeno tesouro gera a ideia oposta de nos
expormos frágeis, meninos, amantes, aprendizes... Abominamos essa ideia por
medo de parecermos fracos e assim abrir espaço pra que alguém venha, não
enxergue, e pise nas rosas dos jardins que cultivamos e onde adoramos ver os
colibris, ou o pôr-do-sol dourando as folhas, sentados no balanço lá no canto,
quando ninguém tá vendo, e podemos ser somente nós mesmos...
Talvez por isso eu entenda as
pessoas, seus jardins secretos e suas cercas elétricas... Também já chorei por
não terem visto, não terem notado, por terem pisado às flores que plantei e
cuidei com tanto carinho e zelo... Respeito suas reservas, seus choques, seus
muros altos... Mas é que sou menino de rua, não sei brincar sozinho; prefiro
chorar porque pisaram o meu jardim a contemplá-lo dentro, sozinho... Sou menino
de rua que pula muros e rouba flores... Tenho braços e pernas cheios de
cicatrizes que só dizem do quanto adoro os seus jardins; já dando até choque de
tantas descargas que já levei em suas cercas elétricas pra poder ao menos vê-los brincar sozinhos em
seus jardins secretos com seus pequenos tesouros de essências...
Se ao chegarem à minha casa,
encontrarem os muros derrubados, não é por pouco zelo por ela, é que assumi o
risco de ser fraco, frágil, menino, e porque não se pula corda sozinho... E se
pisarem nas minhas flores ou rirem dos meus tesouros, espero que saibam e
possam correr mais do que eu, porque se eu pegar “couro come”!!! Kkkkkkkkkkkk...
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