quarta-feira, 5 de novembro de 2014

PESSOAS, SEUS JARDINS SECRETOS E SUAS CERCAS ELÉTRICAS

Você já teve contato com pessoas marrentas, caladas, defensivas, autossuficientes, sabendo que era tudo mentira???? Kkkkkkkkkkk... Eu já!
Desconfio sempre de pessoas assim... não uma desconfiança negativa relativa a valores, não! É que aprendi que, quanto mais alto e reforçado o muro e suas cercas elétricas, mais há de valor a ser guardado ali dentro...
De minha parte, sempre fui travesso. Minha mãe nos comprava presentes e guardava no armário dela, eu sempre abria antes, via, fechava de novo, e esperava ela entregar pra poder revelar o delito. Kkkkkkk... Essas pessoas e suas cercas elétricas despertam o menino arteiro em mim. Fico procurando pequenas brechas nos seus muros para poder ver os jardins secretos que escondem, e como adoro seus jardins... Há sempre uma brecha, e se uma brecha há, há em mim estímulo pra procurá-la, e alegria por contemplá-la.
Usei a expressão “os jardins secretos que escondem”, mas me sinto impelido a fazer uma justa correção para “os jardins secretos que PRESERVAM”.
Todos nós nascemos sem muros... eles vão sendo construídos... tijolo a tijolo... porque a vida vai mostrando que algumas coisas em nós precisam ser preservadas... E talvez eu entenda, ou não, não sei!
Tenho comigo que cada um de nós tem um “tesourinho” de quinquilharias muito valiosas dentro. Seria como olhar os bolsos de um menino e, nas suas bolinhas de gude, notas de papel de cigarro, figurinhas e peças de um time de botão, encontrar seu tesouro. Quem pode duvidar ou mensurar o valor daquele tesouro? Dizer pra esse menino que aquilo não vale nada, com toda certeza do mundo, vai fazê-lo chorar...
Eu sou esse menino... Acho que todos somos um pouco dele também. Não temos problemas em mostrar grandes feitos, grandes virtudes ou coisas de fato louváveis, porque temos a certeza de que isso será reconhecido. Nosso medo está justamente em mostrar as quinquilharias mega valiosas que guardamos nos bolsos meninos da nossa alma, por um motivo muito simples: medo de precisar chorar por não encontrar pessoas com olhos sensíveis para reconhecer o valor imenso que aquelas coisas, fatos, pessoas, rostos, sonhos, vontades, gestos, têm em si mesmas e pra nós. Eu sei como é, também já chorei por isso...
E mais: em nossos dias, dias da grandeza, do aparente, do visível, da valorização do forte, do audaz, do autossuficiente, a ideia de deixar à mostra nosso pequeno tesouro gera a ideia oposta de nos expormos frágeis, meninos, amantes, aprendizes... Abominamos essa ideia por medo de parecermos fracos e assim abrir espaço pra que alguém venha, não enxergue, e pise nas rosas dos jardins que cultivamos e onde adoramos ver os colibris, ou o pôr-do-sol dourando as folhas, sentados no balanço lá no canto, quando ninguém tá vendo, e podemos ser somente nós mesmos...
Talvez por isso eu entenda as pessoas, seus jardins secretos e suas cercas elétricas... Também já chorei por não terem visto, não terem notado, por terem pisado às flores que plantei e cuidei com tanto carinho e zelo... Respeito suas reservas, seus choques, seus muros altos... Mas é que sou menino de rua, não sei brincar sozinho; prefiro chorar porque pisaram o meu jardim a contemplá-lo dentro, sozinho... Sou menino de rua que pula muros e rouba flores... Tenho braços e pernas cheios de cicatrizes que só dizem do quanto adoro os seus jardins; já dando até choque de tantas descargas que já levei em suas cercas elétricas pra poder ao menos vê-los brincar sozinhos em seus jardins secretos com seus pequenos tesouros de essências...
Se ao chegarem à minha casa, encontrarem os muros derrubados, não é por pouco zelo por ela, é que assumi o risco de ser fraco, frágil, menino, e porque não se pula corda sozinho... E se pisarem nas minhas flores ou rirem dos meus tesouros, espero que saibam e possam correr mais do que eu, porque se eu pegar “couro come”!!! Kkkkkkkkkkkk...



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