Não sou feito de carne e ossos.
Sou feito de palavras, imagens, música e sonhos. O resto é apenas uma cápsula,
uma prisão que me obriga a estar em apenas um lugar quando eu queria estar em
vários... Um dia tentei me conformar acreditando que estaria por aí, unido aos
tantos com quem atei laços, mas não era real!!! Cada um é só um mesmo... Não
sei porque me dói tanto aceitar isso??? Por que chorar por uma coisa tão
óbvia???
Sinto-me como uma criança que
descobre que Papai Noel não existe... como o eu lírico da canção que diz ”um
dia me disseram que as nuvens não eram de algodão, e se querer eles me deram a
chave que abre essa prisão...”. Criei pra mim um mundo onde as pessoas são
sempre boas, honestas, verdadeiras, me tranquei nele, e agora, fora dessa
prisão, me sinto como um animal que passou a vida toda em cativeiro e não sabe
se virar na selva, num habitat que devia ser-lhe natural...
Mas me nego a acreditar a aceitar!!!
Me nego!!!
Como um passarinho que se lhe
abrem a gaiola e ele resolve permanecer, porque dentro parece muito maior que
lá fora. Fora do que acredito, as coisas me parecem muito apertadas... me
sufoco...
Ouvi certa vez de um sábio que
conseguiria, que saberia equilibrar, mas não sei não... Vivo metade da minha
vida tentando equilibrar e a outra metade andando desequilibrado...
Dos sonhos que tenho quando
durmo? São o recreio da minha alma... só servem pra me encantar e me levar onde
eu não posso ir... Os sonhos meus mesmo são os que sonho acordado, em todo
lugar por onde ando, olhando para as pessoa na rua e imaginando que histórias
incríveis devem se esconder por trás daqueles passos apressados, mas eles nem
sabem... parecem não se perceber vivendo... só vivem... como se possível apenas
viver fosse...
Quem está certo? Quem está
mentindo? Filosofar essas questões não me leva a lugar nenhum... Nunca me
levou... Então, porque perder tempo com elas?
Acho que o melhor mesmo é
dormir e, só por hoje, não me preocupar em se dormem bem todos a quem atei
laços... Melhor passar a desejar bons sonhos ao mundo inteiro, sem caras
definidas, sem raça, sem religião, sem gênero, sem nada...
Só dormir... Amém!
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