sexta-feira, 14 de setembro de 2012

OLHARES XVIII - " Faz bem mudar..."


     
    Passei muito tempo acreditando no valor de algumas coisas... Alguns valores são eternos e imutáveis como família e Deus... Mas e os outros? Os outros valores, as coisas que me faziam tão feliz outrora e agora não fazem mais, o que aconteceu delas? Perdendo essa porção de valores e esses “n” números de ideias de felicidade, será que perdi a mim mesmo? Será mesmo que em algum momento já soube de fato quem sou?
     Nesse exato instante da minha vida, prestes a completar 31 anos, olho para trás, tento olhar para frente, e percebo algo, ao menos para mim, animador: como tudo é tão relativo!!!
     Essa relatividade é condição indelével do SER humano, ser gente, existir; prima irmã da mutabilidade, da encantadora mutabilidade que nos permite ser tantos e todos ao longo da vida... São condições, relatividade e mutabilidade, de todo aprendiz, afinal, aprender abre arestas, produz novos pontos de vista, novas bases para o encantamento, também dores da razão (dores também são indeléveis a quem vive, ama e aprende... condição também inerente a cada novo olhar).
     Se relatividade e mutabilidade são condições intrinsicamente entrelaçadas à aprendizagem, acreditando que aprender é o mais continuo e mais prazeroso exercício da vida, estaremos, assim, sempre aprendendo e, em maior ou menor grau, mudando e, em mudando, relativizando alguns dogmas que estabelecemos para nós mesmos.
     A grande meta da vida é ser feliz! Acho que ninguém, em sã consciência, deseja ser triste, deseja? 
     É só olhar bem de perto para nossas motivações mais íntimas, das mais primitivas às mais sublimes e, no centro do desejo, está a felicidade e, com a felicidade, a plenitude... Comemos por questões biológicas, mas não apenas: comemos porque sentimos prazer ao fazer isso e, sentindo prazer, nos sentimos felizes; estudamos, não apenas para ser isso ou aquilo, não apenas pelo status adquirido com o conhecimento, mas porque a aprendizagem, e todas as suas consequências, nos dá prazer e, com isso, felicidade... e assim por diante...
     Não é mais ou menos assim? Iludimos a nossa mente, na maioria das vezes por medo de assumir nossa mutabilidade, inventando motivos para as nossas vidas e ações que justifiquem essa ou aquela questão, mas escondendo de nós mesmo a verdadeira razão de tudo o que fazemos – queremos ser felizes!!!
     Se ser felizes é a nossa grande e verdadeira meta, se vivemos algo que subtrai a nossa felicidade, não temporariamente mas permanentemente, esse algo está em descontexto com a nossa vida não podendo, ou ao menos não devendo, nela permanecer.
     Chegamos ao grande cruzamento do olhar de hoje: FAZ BEM MUDAR...
    Como podemos admitir tantas questões em nossas vidas que nos subtraem a felicidade por medo de mudar, por medo de aprender e, aprendendo, lançar olhar sobre nós mesmos e percebermos que mudar é preciso; medo de sair do comodismo das relações e trajetos que já dominamos para descobrir novos caminhos, novas formas de fazer tudo... E essas mudanças não implicam em sermos outros, apenas relativizar alguns paradigmas e encontrar novas formas de ser nós mesmos.
     Vejo, com muita tristeza, pessoas encarceradas em si, nas imagens que construíram de si mesmas, que até deram prazer noutro tempo, mas que já não se sustentam sem atualização; tristes, vivem movidas por sentir pena de si mesmas e conformarem-se com pequenas vitórias, pequenas porções do que desejam ser e sentir, vivendo em círculos, repetindo as mesmas e enfadonhas cenas de riso sem vontade e acenos sem prazer, criando realidades paralelas onde, ao menos na imaginação, são reais, são felizes, são quem queriam ser, ou melhor, são quem são de fato.
     Ao fim, acho que nos vale afirmar, primeiro para nós mesmos, para afastar o fantasma do medo, que mudar é bom, é muito bom, e nos faz descobrir mais de nós revelando com mais firmeza nossos valores imutáveis quando, testando-nos nos mais diversos contextos, mostramo-nos do que somos capazes de abrir mão e do que não; e afirmar para os outros, a quem, inevitavelmente atamos laços de amor, que muitas vezes convertem-se em prisões se não regados com o prazer da liberdade, que mudando, tornamo-nos pessoas mais interessantes, menos previsíveis, e sempre disposto a ser conquistados novamente, mesmo que seja pela vida inteira pela mesma pessoa.
   Desculpem a tagarelice!!! É que passei tanto tempo aprendendo pra voltar aqui com a mala de experiências cheia que fico na ânsia de despejar tudo de uma vez... kkkkkkkkkkkkk...
      Adoro esse nosso lugar de diálogo... É muito bom estar de volta!!!

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