terça-feira, 16 de março de 2010

Palavras e silêncio

A tia (Celi) me pediu para escrever algo que apresentasse nosso trabalho do álbum “Ecos do Deserto” e, diante dessa tarefa, silenciei...

Não sei explicar... É que a idéia de ter de escrever algo que seja aceitável, bom, comercial, me prende e constrange; na verdade gostaria de dizer apenas uma meia dúzia de palavras dizendo como foi bom fazer ou o quanto esse trabalho significa para nós, mas infelizmente isso não iria fazê-lo significar para as outras pessoas, porque essa relação de significação é muito pessoal.
Acho mesmo, ao menos gostaria que fosse assim, podermos dizer algumas simples palavras e nelas ter revelados tudo, todo, o que sentimos, e que às vezes só é entendido ou dito gracioso de extenso, enfeitado, enfadonho e DITO, sem deixar espaço para que os outros sonhem também.
Pra falar a verdade não gosto muito do dito! Ele diz e pronto! Não dá espaço para o sonho... Acho mesmo que as palavras deveriam ser como que a corda de um brinquedo mágico que, uma vez dada, não encerra em si a brincadeira, mas a inicia, dá pulso a brincadeira linda de sonhar...
Tenho me perguntado, nessa quaresma, o que aconteceu comigo... esse sempre foi um tempo muito profundo pra mim, e às vezes até um tanto melancólico e triste; Mas esse ano, e ainda não sei o que ele tem de especial (mesmo quando a gente sempre sabe), meditar a paixão do Senhor não me melindra nem entristece, me faz acreditar nos sonhos: nos meus e nos de Deus... Estranhamente, não consigo mais me penalizar com a dor de Cristo, ela parece insignificante diante da grandeza da consumação da vontade dele unida à do Pai – Pai, Filho e Espírito Santo, na mesma cruz, realizando seu sonho de amor e redenção para a humanidade inteira...

Continuo sem conseguir dizer nada do Ecos, tia. Ainda ecoa dentro o cantado:
“Uma palavra de amor basta. O amor fala pouco e se expressa mais no silêncio”.

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