Aqui em casa, de galhofas,
costumo dizer que a PIA cheinha de pratos é sempre a melhor teraPIA...
kkkkkkkkkkkk... Ô diabos que não fica limpa quase nunca é pia!!! Por isso, a
teraPIA é incessante...
De fato, para mim não há melhor
terapia que conversar. Quem me conhece sabe que falo pelos cotovelos (como diz
o amigo Fábio Lima/Cobra: “sabemos falar de nós”). Mas, da mesma forma que sei
e adoro falar, também sei e adoro calar, em igual medida. Confesso mesmo que às
vezes falo mais quando calo e quando falo as pessoas parecem surdas. Mas enfim:
hoje é dia de falar...
Odiei crescer!
Detestei ter de ir esvaziando
meus bolsos dos sonhos para dar espaço à contas e grana pra pagar contas. Esse
é o resumo da vida adulta: fazer contas x trabalhar x pagar contas; num ciclo
ininterrupto.
Senti muitas saudades de mim
mesmo, do cara bacana que um dia achei que fui, com os bolsos cheios de ideias
e arte, e o coração cheio de fé e amigos... Senti muitas saudades de mim mesmo,
acredite... Aquelas saudades doloridas de ter que deixar partir o que já não
podia permanecer...
E não é que ser adulto seja difícil,
não! Pra ser sincero, já conhecia essa experiência desde muito antes. O
complicado de ser adulto de fato é que consome muito tempo. Gasta um tempo,
para mim sempre sagrado, de sonhar, de ser feliz, mas com tempo de saber-se
feliz, o que triplica a sensação de felicidade.
Foram dois anos e meio de
transição: casa por montar; perfil profissional a definir; contas a fazer;
outras a pagar; correria; ponte rodoviária; duas casas para amar – uma aqui
sozinho habito e outra a que minha alma habita junto à minha família; poucos
amigos; muitos pratos pra lavar... kkkkkkkkkkkkkk... E uma angústia enorme por
não sobrar tempo para ler um livro, ver um filme, dormir dignamente de cabeça
tranquila, jogar conversa fora com os amigos, viajar, fazer planos – POR POUCO
NÃO PEÇO PINICO!!! KKKKKKKKKKK...
Mas passou, como tudo que
passa...
A casa tá montada, no mais
amplo sentido da palavra: a casa de fora e a casa de dentro. Se bem que sempre
falta alguma coisa; coisas antigas se estragam e precisam ser renovadas (tanto
na de dentro como na de fora). Aceitar esse (in)fluxo me colocou de volta na
rota.
Comecei por deixar a casa de
fora 3 dias sem arrumar e me permiti ver um filme, dormir a tarde, deixar
pratos de um dia para outro na famosa PIA, e sonhar... tinha deixado outra casa,
mais importante, a de dentro, bagunçada por dois anos, que mal faria deixar
essa de fora por 3 dias e sonhar? Vi filmes, escutei música, toquei violão,
falei ao telefone, e percebi que estou no comando e não sou esse avatar macabro
preso no sistema capitalista repetindo padrões estereotipados.
Se consegui reaver o menino mim
mesmo de quem sentia saudades? Não! Ele cresceu! Experimentou como menino o que
se lhe oferecia ao menino, e me ensinou muito com isso. Hoje sou um homem,
pronto para experimentar o que se me oferta ao homem que sou.
Kkkkkkkkk... Coisa simples, mas
fato de ser adulto numa gaiola de 4º andar que me permite ver o melhor da
cidade é andar nu pela casa: fiz como criança, sendo criança, e com a dinâmica de
simplicidade própria da criança, e agora volto a fazer longe dos olhos de
todos, mas numa dinâmica própria dos dias que tenho e da vida que levo...
E esse nu é muito simbólico...
Próprio de uma alma avessa a fama e publicidades fingidas e adepta do
revelar-se... o que faço aqui hoje, depois de tantos dias de silêncio...
Espero não ser ao menos um
momento de sanidade em meio a loucura dos dias, espero perpetuar esse estado de
clareza e manter esse canal de comunicação aberto mãos uma vez; mas se não
conseguir, se, ao amanhecer, voltar a olhar com olhos míopes, terei aproveitado
ao máximo esse insight de autoafirmação...
Beijo a quem interessar ser beijado...