terça-feira, 15 de abril de 2008

Resultado de nossos fracassos

Onde será que estamos falhando?
Esse questionamento triste anda me rondando há já algum tempo... Tomou-me em ocasião de um surto de suicídios entre jovens à minha volta.
Cristãos, somos detentores da receita do elixir da vida, da vida verdadeira. E somos (ou deveríamos ser) a melhor publicidade para tão salutar produto. Mas falhamos... Sedemos aos arrochos do meio.
O que leva um jovem, na faze conhecida como a de maior entusiasmo e gosto pela vida, a tentar contra ela? Pergunta difícil de responder se nos detemos a cada história em particular, mas não tão difícil se olharmos a globalidade do mundo jovem hoje:
Pressão! Já não é mais necessário apenas estar vivo para se viver; é preciso nascer, crescer, competir, possuir, para poder morrer...
Onde estão os sonhos? Têm que ficar acordados, sair em busca e tramar estratégias que favoreçam a posse.
Onde estão seus amores? Na era do capital, é preciso estar só, sem amores, sem compromissos, economizando tempo e energia emocional e canalizando tudo para o ter. Amor só às marcas registradas e ideologias publicitárias.
Onde estão as aptidões pessoais? Onde estão a beleza e as artes? Nossos pianistas usam terno e gravata em tribunais... Nossos pintores estão por trás das vozes de telemarketing... Nossos poetas em linhas de produção automobilística... Nossos cantores anunciando liquidações nas esquinas... e nosso atores encenando, em algum lugar, que são felizes...
Onde estão os grandes ideais? Mortos... e com eles o maior de todos, o ideal de vida plena e feliz, que é a mais pura vontade de Deus, que é o próprio Deus... Precisamos estar onde estão nossos ideais. Se mortos, morramos para encontrá-los! Parece lógico e simples!
E assim, vão se fechando as portas do encantamento da vida...e a janela da morte vai-se abrindo como alternativa de libertação...
E ainda nos perguntamos: Mas por que fez isso? Tão jovem!
Sei que muitos sinais foram dados. Muitos “me ajuda” sorridentes. Muitos “segura a minha mão” sem propósito. Mas habituamos os nossos sentidos para enxergar em tudo espelhos para nossas próprias necessidades e auto-piedade; paredes em todos para refratar o clamor das nossas próprias vontades em eco...
E ainda me pergunto onde falhamos... Que hipócrita que sou!!!
Acho, agora, que são outras as minhas indagações e exclamações:
O que fizemos dos nossos jovens!? O que fizemos das nossas relações e afetos!? O que fizemos do evangelho de Jesus Cristo!? O que fizemos das nossas vidas!?
Todos peças em um grande tabuleiro de interesses...
De fato, aprouve ao Senhor implantar em nosso peito um gosto e desejo tão grande de plenitude, desenvolvimento, amores e liberdade que, cerradas todas essas possibilidades, mortos em vida, até eu buscaria vida e liberdade na morte... escolha muito corajosa e, paradoxalmente, covarde.
Se é preciso coragem para morrer, ainda mais é preciso para escolher viver, para romper com as amarras, abrir as portas, deixar entrar novos ares em nosso túmulos; redescobrir novos caminhos; andar de pés no chão; reinventar nosso amores; ressuscitar nossos ideais e, junto com eles, lembrar que é ressuscitado Jesus Cristo, fonte de nossa alegria, eterna e verdadeira vida e páscoa para todos.

Rennan de Barros

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