Hoje dei por pensar nessa
questão...
A palavra FOCO ganhou ampla
divulgação em todas as redes de comunicação social quando a linguagem esportiva
foi adaptada para a linguagem de negócios e passou a ser gritada em workshops
motivacionais mundo afora.
Não é pra menos! Não com pouca
propriedade, sempre se estimulou os atletas a perseguirem seu foco, mantê-lo na
mente, para não correr o risco de perder a concentração com distrações inúteis que
os pudesse tirar o pódio.
Também nos negócios, o foco num
resultado específico estimula a não perder tempo e esforço na conquista de
resultados paralelos e nada úteis a obtenção do lucro.
Nos esportes o pódio; nos
negócios o lucro... Qual o sentido do foco na relação?
Vivemos numa época onde a
palavra de ordem parece ser LIBERDADE. Nas relações, essa suposta ideia de
liberdade parece vir criando um eu-centrismo onde os espaços de cada um vão
ficando cada vez melhor delimitados e, em alguns casos, intransponíveis... A relação
se resume a uma interação social num passeio com os amigos, numa festa de
família, numa ligação antes de dormir ou, antes e acima de tudo isso, a uma boa
noite de sexo. Cumpridas essas condições, parece estar estabelecida a relação...
Mas quando se está no espaço
reservado, no suposto ambiente de liberdade, que melhor poderíamos chamar de ambiente
do ego, a alma vagueia... São muitos os apelos e de todos os lados: redes sócias,
aplicativos, vícios; e cada vez menores as culpas... E culpas porquê? Não é mesmo?
Esse já é um hábito comum – TODOS FAZEM!!!
Pensando bem, que mal pode
haver em estimular uma paquera numa rede social? Bater um papo via mensenger
com alguém que sabemos que tem para conosco quintas intenções? Flertar com alguém que nos agrada na rua
(afinal, não estamos mortos)... Que mal pode haver nisso? Basta que não se
concretize! Todo mundo perde aí umas horas fuçando no perfil pra ver se aquela
paquera antiga que nunca mais nos procurou já arranjou alguém, ou querendo
conhecer um pouco mais de alguém cujo perfil pareceu interessante... Que mal
pode haver?
A RESPOSTA É OBVIA – mal nenhum!!!
São questões do âmbito do individual. Pode ser até um excelente remédio pra
sanar dores ou alimentar o ego dos de baixa estima ou inseguros.
A única questão mesmo está no
FOCO ou, melhor dizendo, da perda dele.
Você acredita estar numa
relação com alguém... Algum motivo, talvez até um afeto genuíno, te prende a essa
pessoa... Mas ela é SÓ MAIS UMA, perdida na quinquilharia do seu múltiplo foco...
Nessa dinâmica estabelecida, ela é somente mais uma objeto na sua estante, sem
real valor definido, de forma a você em alguns momentos mesmo relativizar seu
valor, subjugando-a diante de algo ou alguém de aparente maior valor,
acreditando que pode fazer uma substituição sem danos... talvez por isso tantas
supostas relações se façam e desfaçam com tanta facilidade... Todas tem valor
relativo nessa seara de possibilidades e focos...
Já parou pra pensar que o tempo
que você gasta em seus devaneios pueris poderiam ser convertidos num foco
afetivo? Sabe aquela coisa de você dedicar tempo em conhecer aquela pessoa que
está do seu lado, decifrar-lhe as manias, conhecer os sonhos e as taras e ir
realizando-os suavemente e devagar... Pouco a pouco, o tempo dedicado àquela
pessoa em particular vai mostrando o quanto ela é única, incrível, cheia de
medos cuja sua coragem seja capaz de dar segurança e forças para suprir os medos
seus... Na distância, a companhia que passa a te agradar é a lembrança dos
momentos incríveis juntos ou o planejamento da próxima arte a realizar...
O foco singulariza o amor,
estabelece relação, faz-lhe brilhar, ao passo que o múltiplo foco relativiza,
minimaliza, adormece a paixão.
Talvez o que nós precisemos de
verdade é de mais pessoas com menos foco no umbigo e mais foco no amplitude que
o outro é capaz de abrir...