quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

OLHARES X - Grandes amores não se fazem sozinhos.


Peguei-me desejando um grande amor para 2011.

Daí resolvi questionar-me sobre o que é um grande amor pra mim... Confesso que nunca havia parado pra pensar nisso... Acho que abracei a idéia de grande amor do senso comum aonde um grande amor é algo escrito nas estrelas do qual não se pode fugir... kkkkkkkk... e assim por diante...

É mais ou menos assim, né? Sonhamos com algo perfeito que já nos chegue pronto, intenso, avassalador... Talvez por isso vivamos sempre procurando sem achar ter encontrado.

De minha parte, para mim mesmo, perguntei-me: o que faltou aos meus amores passados para não terem sido grandes amores? E a resposta foi justamente essa que acabamos de refletir – a espera de uma coisa intensa, avassaladora e PRONTA. Acho mesmo que nessa última palavra a chave do erro.

Esse é o ponto para onde dirigimos o nosso olhar de hoje: grandes amores não se fazem sozinhos!!!

Não é difícil explicar; não sei se você já passou por essa experiência, mas há vezes em que nossa vida se cruza com a de pessoas maravilhosas e reconhecemos todos os pontos de viver um grande amor, mas isso não acontece. E por que, tendo todos os elementos para, não acontecem?

Tomemos por exemplo a construção de uma casa. Para essa construção temos o que há de mais excelente e atual em matéria de materiais para construção civil e arquitetura. Mas pensemos: ter o melhor material garante a construção de uma boa casa? Claro que não!!! Fica tudo na mão dos construtores. É a habilidade deles em construir que vai dizer se transformarão os melhores materiais em uma grande habitação ou não!!!

Da mesma forma acontece com os grandes amores que não chegaram a ser grandes. Até tinham os elementos necessários para ser um grande amor, mas isso não é tudo; no fim, está tudo posto à habilidade dos parceiros em ser bons amantes.

Essa reflexão é crucial e até dolorosa porque, de alguma forma, se assumimos isso, não vivemos grandes amores por incompetência na arte de ser amantes.

Sei lá! Acho que nos queremos bem demais; nos gostamos demais; somos por demais apegados a nós mesmos, ao nosso modo de pensar e agir, às nossas manias. A chegada do outro parece colocar em risco nosso microcosmos de forma a, consciente ou inconscientemente, agirmos de forma a defendê-lo. Agora imagine essa mesma perspectiva defendida pelas duas partes envolvidas na construção do grande amor, cada um querendo imprimir seu jeito, seus gostos, suas manias, sua compreensão do que seja um grande amor... kkkkkkkkkkkk... vai dar me#&@!!!

Por isso reafirmo: grandes amores não se fazem sozinhos!!!

Acho por bem reformular meu desejo para 2011:

1 – Encontrar um grande amor;

2 – Reconhecer que é um grande amor;

3 – Que esse amor tenha o tamanho da minha habilidade em fazê-lo; e que eu saiba conquistar alguém para fazermos nosso amor o maior possível.

Acho que ficou melhor assim, não foi?

Só agora percebo o quanto fui ignorante na forma como esperava um grande amor...

E como não poderia deixar de ser, brindo junto aos meus grandes amores do passado, que não chegaram a ser grandes, a nossa falta de competência em fazer grandes nossos amores; aproveito para pedir perdão, já o tendo pedido a mim mesmo, pela parte de incompetência a mim cabida. Que não tenha sido em vão e que tudo o que vivido nos capacite para os grandes amores que ainda nos esperam.

Meu desejo de Ano Novo: que todos nós saibamos viver e construir grandes amores!!!

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

OLHARES IX – A empresa de ser

Já tem aí algumas estações (e bota estações nisso) que o capitalismo e as revoluções industriais (e agora tecnológicas) vêm desenhando a cara da nossa sociedade. Nessa dinâmica, palavras como empresa e empreendedor(ismo) ganham especial repercussão social, mas o que querem dizer? Do Aurélio temos:

Empresa - s.f. Execução de um projeto; cometimento, empreendimento. Unidade econômica de produção.

Empreendedor - adj. e s.m. Que ou o que empreende coisas difíceis; arrojado; realizador.


Tomando por base as definições acima, unindo-as numa única enunciação, podemos dizer que uma empresa é a execução de um projeto (com suas dificuldades e implicações) por alguém que seja capaz de empenhar suas forças de forma dinâmica e arrojada para alcançar os objetivos pré-estabelecidos. Não é mais ou menos assim?

Agora gostaria de mudar um pouco o contexto para falar de nós, seres humanos. Não há como quantificar, porque cada ser tem uma dinâmica própria de construção, mas, a grosso modo, podemos dizer que somos constituídos de três dimensões: razão, emoção e instinto. Essas três forças em nós agem de forma dinâmica e se influenciam de forma a não podermos separá-las ou afirmar que agiram isoladamente nessa ou naquela atitude, talvez tentar entender a que falou mais alto.

A grande questão é que nunca pensamos nisso, né? Apenas somos... vamos existindo, dando respostas a medida que apareçam os estímulos ou as perguntas. Comemos porque temos fome, trabalhamos porque precisamos do alimento, nos relacionamos porque fomos feitos para reproduzir (ou porque todo mundo faz, e se faz, é porque é assim); amamos quem nos ama, nos defendemos ou agredimos quem nos agride; enfim, vamos nos formando ao sabor do vento, no decorrer das circunstâncias. Viver é isso mesmo!!! A gente já nasce sabendo!!!

E ainda, de certa forma, ainda falando dessas forças que agem em nós, às vezes parecem ganhar uma tal dimensão que mais parece que somos escravos e servos do que trazemos dentro; expressões do tipo: “não consigo superar”, “não consigo ser diferente”, “não consigo fazer diferente”, “é mais forte do que eu” fazem parecer que trazemos um monstro incontrolável dentro o qual temos que manter adormecido numa câmera secreta aonde, de modo algum, se deve ir. “Pra que pensar? Viver se aprende vivendo!!!”.

É aqui, nesse exato ponto, que proponho a intersecção dos dois conjuntos de idéias que, acima, comentamos:

Podemos ser um conjunto aleatório de respostas a estímulos; podemos até ser servos ou escravos dos nossos instintos, da nossa razão ou da nossa emoção; podemos até fazer isso ou aquilo que ganhou status de certo porque todo mundo faz. Claro que podemos!!!

Ao ser gerados, ainda no ventre, já estamos vivendo, não escolhemos isso, vamos vivendo; é simples, já trazemos em nós a força (ou a conformação) para resistir a dor – única coisa certa ao se estar vivendo.

Tudo isso é verdade!!! E muito verdade!!!

Aprendemos a empenhar todos os nossos esforços para adquirir esse ou aquele bem; para isso estabelecemos metas, objetivos; para alcançá-los desenvolvemos estratégias; quanto mais difícil mais somos teimosos – torna-se uma questão de honra – não é assim?

Tudo isso bom, merecedor de mérito, e justo!!!

Mas e nós? O que somos e quem somos – que parcela de dedicação, empenho, metas e estratégias temos desenvolvido em pro de nós mesmos? É esse o olhar que hoje proponho: “A empresa de ser”.

Podemos ser uma construção impensada e aleatória, OU NÃO!

Se uma empresa é a execução de um projeto, que projeto merece mais dedicação que o de uma boa construção do que somos? Se um empreendedor é aquele que empreende coisas difíceis, um realizador, por que não cuidar da nossa realização, da difícil tarefa de equilibrar nossas forças interiores?

Somos o que queremos ser!!!

Somos o que escolhemos ser!!!

Somos o que construímos de nós mesmos!!!

Somos nós no comando dessa empresa de ser quem somos; somos nós que decidimos o que merece atenção, o que merece investimento, aonde queremos retorno; que excessos desnecessários precisam ser eliminados; que parcerias vem agregar forças à melhoria da nossa empresa. Um bom gerente é aquele que conhece a dinâmica de funcionamento da sua empresa, com seus pontos altos e baixos, sabe estimular o que é bom para fazer crescer e também empenhar as forças necessárias para melhorar o que anda ruim. É aquele capaz de arriscar andar até na contramão dos acontecimentos com uma visão arrojada do que pode ser mais adiante, porque sabe que, de sofrer ninguém foge, mas ser feliz é uma meta a ser conquistado com retorno diário e um empreendimento para toda a vida.

Nenhuma empresa cresce e progride ao léu. É preciso tempo e esforço. Às vezes investimos por um longo tempo até aparecerem os lucros, o resultado dos esforços. Sem contar a instabilidade do campo onde está empresa está inserida, o campo instável das realizações humanas, interiores e exteriores, o que a faz carecer de um cuidado constante.

Querer ser amados pelo que somos não implica dizer que podemos ser qualquer porcaria e querer que nos amem assim mesmo. NÃO!!! Devemos sim, impreterivelmente, agir de forma a estar rodeados de pessoas que nos amem na mais possível aproximação do que somos, mas devemos, para nós mesmos e para todos, desejar SER o melhor que podemos.

Outro dia li, de santa Tereza D’Ávila, que se quer imaginamos o quanto Deus nos vê grandes, dignos, excelentes, dotados de potencialidades; ela completa dizendo que se pudéssemos ao menos imaginar a incrível imagem com que Deus nos enxerga não descansaríamos até nos tornarmos a exata medida desse olhar.

Podemos ser bons, e aqui não me refiro ao “bons” do senso comum que mais se refere a uma construção externa de aparências e imagem social. Não! Refiro-me a sermos bons na essência do que trazemos, bons dentro, conhecedores de nós mesmos, agirmos segundo nossos valores de forma a deitarmos nossa cabeça no travesseiro tranqüilos, orgulhosos de nós mesmos, por naquele dia termos a certeza de ter empenhado nossos esforços em ser o melhor que podíamos, reconhecer pontos de fracasso a ser observados no dia seguinte e amanhecer decididos a fazê-lo.

Não somos escravos do que trazemos dentro; podemos até ser escravos do que desconhecemos. O desconhecido causa medo mesmo, é natural! Mas quando nos conhecemos aprendemos a ver que o monstro é bem menor do que imaginávamos e passível de ser conduzido, educado, de forma a não mais atrapalhar ou assombrar com pesadelos os nossos melhores sonhos.

Enfim, nesse final de ano, façamos uma boa avaliação de nós mesmos, dos nossos valores, da nossa vida, das nossas escolhas, da qualidade das nossas relações, da nossa forma de nos relacionarmos. Mantenhamos o que foi bom com esforços sempre renovados. Reconstruamos o que não foi legal empenhando, pra isso, o esforço necessário. E, ao estabelecermos nossas metas para o ano novo que vem ligeiro, além de projetarmos as nossas forças em vias do que desejamos possuir para uma boa qualidade da nossa vida, estabeleçamos também metas interiores, do que queremos SER, de COMO QUEREMOS SER. Façamos mesmo um projeto com avaliação, objetivos, estratégias e resultados a ser alcançados nessa incrível empresa de SER quem somos, quem queremos ser.

Acredito mesmo que, no entardecer e anoitecer da vida, antes que chegue o dia eterno, bons empresários terão sido aqueles que, olhando para a construção do que fizeram de si mesmos, além do que construíram fora, possam enviar uma oração de gratidão a Deus e sintam muito orgulho por terem sido quem foram.

Um feliz natal e um empreendedor ano novo para todos!!!