segunda-feira, 26 de abril de 2010

Entre o público e o privado


A reincidência desse tema no âmbito coletivo das nossas amizades me fez desejar falar sobre ele aqui...

Vivemos na era da comunicação! Essa coisa de net acelerou bastante as comunicações e traz para nós, em aceleração, informações sobre tudo o que acontece no mundo e sobre os mais diversos conteúdos.

Não há dúvidas do quanto os valores do tempo interferem na nossa interioridade e formação da nossa personalidade.

Talvez esse excesso e acesso a tantas informações esteja causando certa confusão na nossa compreensão do que seja PÚBLICO e PRIVADO.

Nenhuma mídia é mais pública e estimulante que a vida dos famosos, ibope certo em programas, jornais e revistas...

Mas qual é o limite entre o íntimo e o público?
O público é fácil de entender, é o de domínio de todos! São aqueles assuntos cuja especulação imprescinde ao bem estar coletivo carecendo de compreensão, de posicionamento com relação a eles, de expressão de opinião e tomada de atitude... Simples de entender, né?

Mas o íntimo... ah, o íntimo... o íntimo é o de âmbito privado de cada ser; é o tesourinho de quinquilharias que vale um bocado para quem o coleciona; é o conjunto de sonhos que embeleza e motiva o futuro; é o conjunto de lembranças que dá saudosismo ao passado; é o que nos move e como nos move no presente... Enfim, é o conjunto de coisas que, de valor tão pessoal, deve permanecer velado entre a pessoa que o possui e as pessoas com quem, por afinidade, amor confiança, quer partilhar... E o conjunto de coisas que, se dito, perde a essência, como por exemplo: um cara chega no trabalho e diz “tive uma noitada daquelas e transei com minha esposa ardentemente” – banalizou o ato, jogou as pérolas aos porcos – o conteúdo dessa informação é o tipo daqueles que, ficando no íntimo, motiva, estimula, agrega outros prazeres como: (cara no mundo da lua) “me impressiono em como, depois de tanto tempo, ainda sinto tanto prazer com a minha esposa... como sou feliz por tê-la... não vejo a hora de voltar pra casa e abraçá-la e beijá-la com força e...”.

Para uma coisa ainda preciso alertar: vida íntima não é um processo individualista e egoísta – NÃO!!!

Puxa vida! Daí vem outro processo big bacana – o da partilha da intimidade. Esse processo é aquele em que, por confiança, afeto, amor, consideração, vamos selecionando as pessoas que participam da nossa intimidade e com quem partilhamos dela. Tem coisa mais gostosa do que ter alguém em quem confiar? Alguém junto de quem não se precisa ser forte sempre, nem ter sacadas incríveis a todo tempo, nem esconder nossos medos... Alguém pra sentir junto do corpo e também junto da alma... Alguém que é capaz de entender o valor que tem o mais simples botão guardado na nossa coleçãozinha de valores...

A preservação da vida íntima é também um exercício de subjetividade e inteligência emocional; ajuda a criar, organizar, manter, um mundo de significação interior onde se sente muito prazer em estar e abrir as portas para que também entrem outras subjetividades...

Mas, contudo, esse limite entre o intimo e o público está se perdendo e, com ele, a banalização das relações, sonhos e idéias íntimas; e por que não dizer a banalização da própria subjetividade.

Em reflexão com um amigo, foram duas as imagens que motivaram essa postagem na tentativa de explicar o que seria a exposição desenfreada da intimidade:

“ (...) a nossa vida íntima, como o nome diz, é coisa da intimidade nossa e das pessoas com quem queremos partilhá-la, e só!!! O menor suspiro, além desse limite, é excesso!!! Seria como colocar obras de arte, de extremo valor, em praça pública sem nenhuma proteção - entende?”

“Repito: Vida íntima, como o nome diz, é coisa da intimidade e só deve ser repartida pela pessoa que a detém e com quem ela quer partilhar num processo afetivo de confiança e respeito, qualquer atitude fora disso seria como colocar tapetes persas num salão de forró...”


Não sei se convenci a ele da importância da manutenção da intimidade e de sua importância; não sei se convenci a você que lê; mas acabei, com as imagens acima, convencendo a mim mesmo... kkkkkkkkkkkkkk...

Um brinde a intimidade!!! Eita! Coisa íntima brindar... vinho com alguém especial para depois... ou com amigos também, ao som de baladões românticos no violão... sentados pelo chão, ou melhor, no conforto do tapete persa da intimidade usado para receber amigos e não num salão de forró... kkkkkkkkkkkkkk... e quando se toma café sem pressa lembrando e rindo das presepadas? É ótimo!!! Desculpe, esqueci que você ainda tava aí, e me perdi aqui nessas coisas tão valiosas para a minha intimidade; vou dizer tchau porque não posso parar esse fluxo afetivo incrível aqui dentro – BEIJO... e ler os cartões e cartas antigos? É como reviver, reamar... Fotos? (as feias são as melhores... kkkkkkkkk...) Para mim tem um significado todo especial! E uma forma de participar quando não participamos... ah...............................

sábado, 24 de abril de 2010

Mais algumas burras especulações sobre o amor


Tem coisa mais burra que especular sobre o amor?

Não existe uma razão a ser atribuída que justifique as pessoas quererem ficar juntas... Nem há como explicar o fato quase mágico dessa força unindo vidas, histórias, mundos, experiências, expectativas, tão diversos e sem possibilidade alguma de encaixe pela razão, numa peça única e multifacetada chamada relação...

Por isso afirmo ser burro especular sobre o amor, porque toda reflexão puramente racional sobre ele tenderá inevitavelmente à separação – força inversamente proporcional à sua.

Do amor só se sabe amando! Essa é a grande e indelével verdade!!!

...

Como não queremos ser taxados de burros especulando sobre o amor (mesmo quando muitas vezes o somos), vamos falar sobre nossa postura diante dele – sobre essa sim, há o que se especular.

1º Amar é sofrer!

Essa é uma afirmação muito clara e agir acreditando o contrário é, no mínimo, ingenuidade (para não dizer ignorância).

Quem quer amar sem sofrer, DESISTA!!!

Acho que essa é a grande e monstruosa verdade que assombra o amor: a dor. Todo mundo que já amou de verdade sofreu; depois disso, inevitavelmente orienta seus esforços em não sofrer de novo; se amar de verdade inclui sofrer, querendo não sofrer, vivem-se relações supostas de amor que não matam nossa sede dele... e o constrangimento da sede, especialmente aquela que não se sabe sentida, leva ao vazio e a tristeza – solidão (muitas vezes acompanhada).

Mas por que amar é sofrer? Você pode perguntar.

Carambolas, a resposta já dissemos antes: com relação ao amor nunca se sabe... Não tem um manual de instruções – é um exercício diário! Quando se é de fato experiente se admite que todas as experiências anteriores pouco ou quase nada auxiliam nas novas porque cada relação é uma relação com características e desafios muito particulares e sempre renovados. Nada é mais desafiador que o amor!!! Seria como ter de aprender a andar de bicicleta todos os dias: num dia aprender e, depois de dormir, ao acordar, nada mais saber, e ter de aprender tudo de novo – uma sequência de tombos diários inevitáveis, mas também o prazer e a autonomia inigualáveis de pedalar...

2º O amor é sentimento dos fortes

Segunda afirmação e conseqüência direta da primeira.

A quem, por ter sofrido, acostume-se a amores que só tocam sua superficialidade e com isso se conformem matando a sede do amor à contagotas. Esse é uma característica de pessoas medianas que se conformam em passar pela vida sendo: um pouco felizes, um pouco realizadas, um pouco amadas e, por que não dizer “um pouco gente”.
A quem acredite mesmo que a razão de existir é evitar a dor; gastam assim mais tempo em evitar a dor que em buscar ser felizes. Mas dá pra evitar a dor? A vida é, em si mesma, um exercício de dor... de uma forma ou de outra sempre vem (já falamos sobre isso em algum lugar ai atrás)... mas ser feliz é um exercício de coragem e determinação!!!

Se esse amor minguado, parcial, morno é o escolhido pelos que querem evitar a dor, típico dos fracos, um amor intenso, real, profundo, dolorido e mágico é o sentimento dos fortes...
3º O amor é para sempre x o pra sempre sempre acaba

O amor, entendido como relação, não é pra sempre!!! Não tem como ser!!! São muitas as exigências, expectativas e idéias de realização pessoal tão opostas entre duas pessoas – não dá pra ser pra sempre!!!

E as pessoas que ficaram juntas até a morte, o que você diz delas? Você me pergunta.

Simples!
Mantenho minha afirmação: não foi um amor pra sempre! Foram vários amores, muitas conquistas e reconquistas.
Relações que duram até o fim são o claro exemplo de recordes de conquistas, de renovação do amor em cada nova fase, de muitos “não dá mais” antes de dormir seguidos de “é com você que eu quero estar” logo pela manhã. Não foi um único e uniforme amor prolongado pela vida inteira, mas muitas relações vividas intensamente entre as mesmas duas pessoas.

Não sei se fui claro... Se não consegui, desculpe-me!

Mas quero afirmar também que o amor É PRA SEMPRE!!!

Enquanto as relações são suscetíveis ao fim (e por isso o “para sempre sempre acaba), existe uma outra relação que não se dá entre indivíduos: é a relação entre o ser e o amor e, essa sim, é para sempre!!!

Só as pessoas que amam o amor são capazes de amar alguém com intensidade. Amando o amor amam o “estar amando”. Talvez não vivam uma relação para sempre porque os caminhos entre as pessoas são sinuosos, mas vão amar para sempre e intensamente...

Essas pessoas tem um tal fascínio que é impossível não querê-las por perto, nossa sede de amor nos impulsiona para elas enquanto a exuberância na simplicidade que guardam nos constrange a alma ao mesmo tempo em que nos sentimos instintivamente livres diante delas...

...

Odeio quando chego ao meu limite de palavras!!!

Mas clamo ao AMOR enviar seu Santo Espírito ampliando nossas compreensões além dessas palavras e transformando tudo o que toque em amor...

Amém

sexta-feira, 2 de abril de 2010

RETIRO


Vivemos um tempo propício de recolhimento e reflexão...
Esse não é um feriado!!! Sei da labuta e dos cansaços da vida e do quanto um dia de folga refrigera nossa alma, mas esses dias, em si, deveriam ser para buscar esse refrigério e descanso em Jesus : “Vinde a mim pois vós que estás cansados e eu vos aliviarei...”.
Também eu, pensando nisso, desejei fazer o meu retiro, não para reconhecer a grandeza de Deus (coisa que não sai da minha cabeça), mas para reconhecer-me nela, para sondar-me na minha relação comigo mesmo, com Deus e com o mundo.
Da minha relação comigo mesmo tenho a mim como base; da minha relação com Deus o tenho sempre; mas na minha relação com o mundo, como refleti-la?
Na última semana da quaresma vivemos, meus amigos e eu, momentos muito intensos... digo intensos pela qualidade na simplicidade. Pudemos ver agregados a nós e nos encantarmos com a exuberância de humana de Gilberto, Ronaldo e Thiago; descobrirmos ainda mais encantos no Esbelto e na Anne BB (linda); reafirmamos a segurança no amor e as exigências dele na amizade com Pepé(olha vc aqui de novo, enxerido), Sandrinha e Joanei; sem contar a presença sempre presente, mesmo na ausência, de Fabinho.
Nada me questiona e estimula mais que isso, que essa vida toda acontecendo à minha volta nas pessoas com quem travo relações e se mostram a mim como possibilidades reais de amar...
Esse é o meu ponto de ligação com o mundo, com a vida, com o real. A minha relação com Deus e comigo mesmo influencia diretamente essa terceira relação, a com o mundo. Será que estou conseguindo reproduzir nela, na minha relação com os outros, a mesma qualidade da minha relação com o Amor e dele comigo?
Me sinto especial! Não vou negar isso nunca! Uma parte desse sentimento é muito concreta, tem sua razão de ser no principio geral da intenção de Deus que nos pensou assim, ESPECIAIS, e reafirmou isso mandando seu filho, sua face de misericórdia, para que pudesse nos resgatar e polir os nossos valores fazendo-os reluzir... Que altíssimo preço Deus pagou por nós!!! Como posso não me sentir especial? Como pode alguém não saber-se especial nesse contexto?
Por outro lado, como cético para com o que penso e sinto de mim mesmo, afora essa parte indelével da nossa especialidade advinda da grandeza de Deus, será que sou mesmo especial ou uso isso para mim mesmo como uma máscara para a minha mediocridade?
Como saber? E o que faz alguém especial?
O que faz alguém especial não é pensar-se especial, mas agir de forma a ser especial...
Não consigo chegar a outra proposição que não essa!
Sendo assim, para averiguar minha relação com o mundo, no campo concreto da ação, do agir além do acreditar, solicitei aos meus amigos mais próximos, aqueles com quem travo relação mais íntima e, por ela, possuem acesso mais profundo a minh’alma, que me conduzissem nessa reflexão mostrando-me pontos aonde posso melhorar; traços que, ajustados, tornariam nossa vivencia ainda mais agradável; pontos em que, vendo-me em desalinho, me orientariam a correção e a felicidade inerente a ela...
Acreditei mesmo nisso!!! E esperei!!! Mas não obtive respostas... Ou melhor: obtive! Mas respostas de isenção de responsabilidade – nada dizer para não se comprometer...
Desculpem-me amigos, se lhes julgo mal, mas essa é uma grande diferença entre nós: eu estou sempre me expondo, falando, reclamando, evidenciando, participando, correndo riscos, nas nossas relações; refleti até com Abreu que detestaria me ter como amigo de tão reclamão e intrometido que sou. Mas vocês... Vocês estão sempre escolhendo o silêncio como resposta. E eu acredito no valor dele usado coerentemente e na hora certa; mas seu uso deliberado também pode ser omissão, uma forma de não se comprometer, de evitar riscos, de ter sempre o não dito como possibilidade de mudar de lado, de voltar atrás...
Enfim, esses somos nós, vocês, finos e calados, e eu mais uma vez me expondo e dando minha cara ao tapa do julgamento por acreditar em relações participativas, concretas, reais, passionais, puras... Agradeço por terem sido vocês mesmos em suas respostas!!! Assim tenho a possibilidade real de amá-los como são, e espero, mesmo no egoísmo de mais uma vez ter refletido a vida e as coisas apenas pelo meu foco e ponto de vista, posto ninguém ter me oferecido um outro, que vocês também consigam me amar como sou.

FELIZ PÁSCOA A TODOS!!!


OBS: Fabinho (o cobra) enviou resposta ao meu pedido de retiro... Grato, amigo!!! Obrigado por fazer a diferença e me ajudar a continuar acreditando.

Dedico a todos vocês, aos que participam e aos que lêem, essa últim canção que escrevi...


MEU VÍCIO


Às vezes tenho tanta coisa pra dizer
mas não encontro as palavras
Encho todo o tempo todo mundo de perguntas
não recebo respostas


Estou cansado de ficar acordado enquanto todos dormem
e de gritar a todo instante o que ninguém parece ouvir


Às vezes eu me sinto incoerente
com quem anada ao meu lado
É que o caminho mesmo sendo único pra os dois
quase nunca é o mesmo


Estão tentando convencer-me que a mola do mundo é o egoísmo e não o amor
e que a resposta pras minhas perguntas é inevitavelmente a dor


Mas aindo insisto em acreditar haver palavras
que revelem o que a gente traz por dentro
Vou continuar acreditando nas pessoas
esse é o meu vício
E não implica em não precisar nunca mais chorar
apenas que a lágrima sofrida
é lágrima de acreditar...
lágrima de amar...