sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

A Solidão


A vida é uma experiência muito solitária...

A minha solidão é tão profunda algumas vezes que chega a doer...

E aqui não está em questão estar ou não acompanhado... Não!

Quanto a isso não tenho do que reclamar; estou sempre muito bem acompanhado de pessoas maravilhosas...

A solidão a qual aqui me remeto não tem haver com companhia, é algo mais lá dentro sabe?!

É a solidão interior...

É a solidão de andar sem ser visto, compreendido...

É a solidão de não ser amado!!!

Mas há na vida quem não seja ou tenha sido amado? Você pode me perguntar.

E eu respondo com outra pergunta, inversamente proporcional a primeira:

“Onde estão os verdadeiramente amados?”.

De fato, todos nós achamos um dia ter sido amados ou ter amado outras pessoas. Mas será que amamos essas mesmas pessoas ou as representações que fizemos delas? E quanto aos que nos amaram, nos amaram de fato ou apenas aquele detalhe, conveniência ou representação de nós?

Sei que viver pensando não é o melhor caminho, porque não há um termômetro para se medir o quantificar o amor... essa é a grande verdade...

Mas é que só me sinto de fato amado quando sinto que esse amor se aproxima de quem eu sou, do eu verdadeiro, real, aquele anti-social, aquele quando ninguém vê...

Essa coisa da solidão me acompanha de tanto tempo que não me lembro de algum dia ter vivido sem ela; e confesso: enlouqueceria se no mundo não tivesse sido amado de verdade, se não tivessem surgido na minha história quatro pessoas que me quiseram bem por mim mesmo (uma delas já não estando mais aqui para me amar).

Estou cansado de tantas pessoas querendo, para me amar, que eu mude isso ou aquilo, apelando para que eu me torne o que elas querem amar... como posso dizer que me amam assim? rs...

Hoje é mais um dia daqueles em que eu gostaria de ser transparente... não precisar comer nem beber... sair por aí a misturar-me e infundir-me em tudo fazendo e tendo parte em tudo...

Seja bendito esse deserto de onde emana, em ecos, a canção solitária da minha vida...


sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Ano Novo

Mais um ano em nossas vidas... que maravilha!!!

A vida é o dom mais precioso; se a temos, garantimos de quebra todas as possibilidades: se alegres ou tristes, isso depende das variantes à nossa volta e das escolhas que fazemos... Mas ser feliz é sempre uma variante acessível a todos!!!

A virada de um ano não é nada mais do que mais um dia que nasce, em termos práticos; mas o bacana é a simbologia que isso traz de renovação das nossas forças, expectativas e sonhos...

Por isso, vou me render a grandes poetas e seus ensinamentos...

Outro dia um amigo em crise disse que estava cansado dessas palavrinhas de auto-ajuda, e só aí eu me dei conta do quanto ele cresceu, e senti muito por ele... acho mesmo que deveríamos preservar um lugar em nossos coraçãoes incorruptível e nunca suscetível aos arroxos do meio, às dores da vida... um lugar no coração onde pudessemos ser sempre meninos... só um coração assim é capaz de entender a arte, não para uma crítica, mas para sentí-la, deixar-se mover por ela, ainda se encantar pelas coisas mais tolas...

Para quem ainda é capaz de entender dessas simples coisas, essas palavras também muito simples, mas que escondem grande sabedoria:

Cortar o tempo (Carlos Drummond de Andrade)

Quem teve a idéia de cortar o tempo em fatias,
a que se deu o nome de ano,
foi um indivíduo genial.

Industrializou a esperança, fazendo-a funcionar no limite da exaustão.

Doze meses dão para qualquer ser humano se cansar e entregar os pontos.
Aí entra o milagre da renovação e tudo começa outra vez, com outro número e outra vontade de acreditar que daqui pra diante vai ser diferente


Receita de ano novo (Carlos Drumond Andrade)

Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor do arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido
(mal vivido talvez ou sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser;
novo
até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens?
passa telegramas?)

Não precisa
fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar arrependido
pelas besteiras consumidas
nem parvamente acreditar
que por decreto de esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.

Para ganhar um Ano Novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.




Esperança (Mário Quintana)

Lá bem no alto do décimo segundo andar do Ano
Vive uma louca chamada Esperança
E ela pensa que quando todas as sirenas
Todas as buzinas
Todos os reco-recos tocarem
Atira-se
E
— ó delicioso vôo!
Ela será encontrada miraculosamente incólume na calçada,
Outra vez criança...
E em torno dela indagará o povo:
— Como é teu nome, meninazinha de olhos verdes?
E ela lhes dirá
(É preciso dizer-lhes tudo de novo!)
Ela lhes dirá bem devagarinho, para que não esqueçam:
— O meu nome é ES-PE-RAN-ÇA...


A Vida (Madre Teresa de Calcutá)

A vida é uma oportunidade, aproveite-a...
A vida é beleza, admire-a...
A vida é felicidade, deguste-a...
A vida é um sonho, torne-o realidade...
A vida é um desafio, enfrente-o...
A vida é um dever, cumpra-o...

A vida é um jogo, jogue-o...
A vida é preciosa, cuide dela...
A vida é uma riqueza, conserve-a...
A vida é amor, goze-o...
A vida é um mistério, descubra-o...
A vida é promessa, cumpra-a...
A vida é tristeza, supere-a...
A vida é um hino, cante-o...
A vida é uma luta, aceite-a...
A vida é aventura, arrisque-a...
A vida é alegria, mereça-a...