domingo, 8 de novembro de 2009

O MENINO DE PIJAMA LISTRADO


Acabei de ver um dos melhores filmes que já assisti nos últimos tempos: O MENINO DO PIJAMA LISTRADO.

Ainda não tenho como definir o que estou sentindo...
É tanta coisa misturada aqui dentro...

Sinto que o mais vil e medíocre do humano me habita juntamente com o mais sublime... E tenho medo de não saber escolher o certo...

Por muitas vezes ouvi ou li exortações sobre a inocência, mas não compreendi porque me deixei levar pelo senso comum onde “inocência” é sinônimo de tolice, inferioridade, pouca inteligência ou incapacidade para lidar com as coisas da vida e do mundo.
Quanto engano!!!

O Senhor não recusa os seus bens àqueles que caminham na inocência. (Salmos 83,12)

Bem-aventurados os puros de coração, porque verão Deus!
(São Mateus 5,8)

Jesus, porém, chamou-as e disse: Deixai vir a mim as criancinhas e não as impeçais, porque o Reino de Deus é daqueles que se parecem com elas. (São Lucas 18,16)


A inocência proclamada no livro santo é, antes de tudo, um mapa para a sublimidade.

Deus é muito mais do que Dele já foi ou será dito, e O experimentamos, mesmo que de parte Dele, nas nossas emoções mais ternas; para nós elas parecem muito grandes e nos causam tanta felicidade, e são uma ínfima parte da experiência de Deus, imagina se O pudéssemos experimentar em sua plenitude?

“os puros de coração verão a Deus (...) porque o Senhor promete seus bens aos que caminham na inocência (...) abre as portas do seu reino aos que guardam em seus corações as delicadezas de um coração de criança...”

Queria tanto poder dizer isso tal qual sinto, mas não consigo, e essa incapacidade me constrange...

Oxalá pudéssemos reeducar nosso coração, nos olhos, nossa sensibilidade, para a beleza, para as alegrias sutis, para a simplicidade... só assim veríamos a Deus em tudo, em todas as coisas, no outro e em nós mesmos. Não seria essa uma tarefa tão difícil porque já a experimentamos quando crianças: imaginação fértil, coração vibrante, intensidade de sentimentos, rapidez em perdoar e esquecer, alegria nas pequenas coisas, uso dos sentidos para apreensão de tudo á nossa volta: dias de chuva, manhãs de sol, finzinho de tarde, noite estrelada; dormir com o irmão mais velho, segurar na mão, café na casa da vó, férias com os primos; ver filme e pegar no sono, escutar música e dançar sem preocupação; comer com as mãos e lamber os dedos; adorar a presença de outras crianças e bajular os menorzinhos... experimentar Deus em tudo...

Mas não podemos desconsiderar nossas outras habilidades: a de sermos carrascos, invejosos, mentirosos, interesseiros, agressivos, maliciosos...

O fruto da árvore do “BEM e do MAL”está dentro de nós. Frutos guardam sempre sementes. Somos dispersores de sementes e as plantamos sempre por onde passamos... resta saber se temos escolhido as sementes adequadas, se do bem ou do mal...
Tenho medo de não saber escolher as certas...

Mas que Deus nos infunda de seu Santo Espírito para que possamos guardar a inocência, entendida como deve ser: capacidade de escolher segundo o bem, segundo o coração de Deus.