quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Quase Primatas


Não esperem de mim que eu viva como um tolo sempre a rir...
Não dá pra fingir que nada em volta acontece...
Não dá pra ignorar dezenas de mortos no sul e outros tantos famintos e desabrigados...
Não dá pra sorrir indiferente enquanto pais jogam seus filhos pela janela, jovens doentes matam por possessão e crianças são encontradas mortas em matas e malas como se fossem objetos sem valor num terminal da vida qualquer...
Não dá pra fingir que a ganância não está destruindo o nosso planeta...
Só agora entendo a entrelinha do tal “capitalismo selvagem”: que vença o mais forte e mais esperto destruindo o mais fraco! É uma lei natural... dizem.
Natural uma pinóia!!! Não vou achar isso natural nunca....
Nem vou me conformar, por mais que todos os dias as mesmas histórias reais de terror e morte se repitam...
Quando nos conformarmos com a falta de amor; quando deixarmo-nos parar de comover com quem sofre; quando só pensarmos na satisfação da nossa egoísta necessidade de satisfação e prazer; inverteremos o processo evolutivo e voltaremos a ser primatas, micos sempre rindo num grande circo sem futuro...
E quando eu chorar, não tente me consolar com frases prontas de otimismo nas quais ninguém
mais acredita! Mostra-me que a vida pode ser melhor a partir de ti que me consolas!!!
E não quero com isso dizer que vou entregar-me ao pessimismo e viver a chorar, não!!!
Eu quero rir também! Mas um riso verdadeiro de felicidade sincera, nas primeiras palavras enroladas dos meus sobrinhos, das piadas sempre bem humoradas dos meus fieis amigos, nas alegrias e conquistas partilhadas entre os meus vizinhos... Um riso que não me vende os olhos para a dor, que não faça de mim um pateta egoísta e insensível... Um riso que não me cegue ante o imperativo de sanar a dor de quem sofre...
E ainda mais: rezo para não cair na hipocrisia dos que se compadecem com a satisfação do “ainda bem que não foi comigo nem com os meus” – a todos é passível a dor, e todos são meus, e muito meus.

Quando o meu peito deixar de se inflamar com a angústia de quem sofre, não na passividade infecunda de quem sofre sem nada fazer, mas no protagonismo de quem acredita e age para a construção de um mundo, uma sociedade melhor, terei perdido a minha condição de ser humano... podem me botar num zoológico pra defecar na mão e jogar nos observadores fazendo todos rirem, acostumados a bosta e desgraças.

Rennan de Barros

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Inverso ao rei Midas


Hoje eu tô chateado...
Sei lá... acho que é o cume de um processo que venho avaliando nos últimos dias...
Vocês lembram do mito do Rei Midas, que tudo que tocava virava ouro? Kkkkkkkk... Pois é!!! Também sofro de maldição semelhante. Mas em uma nada sutil semelhança: “tudo que toco vira *&¨%#@”, prefiro nem comentar... kkkkkk...
E o mais chato é ter que conter tudo que quer explodir aqui dentro, tanta alegria, entusiasmo, arte, trabalho... Aí me pergunto: ONDE ESTÁ O PROBLEMA?
Algumas linhas de raciocínio são levantadas...

1ª Parcerias erradas:
Talvez eu seja o grande urubu que pousa na sorte das pessoas com quem travo parcerias... Mas a questão é que só me pego com gente pra trás!!! Que pensa pequeno... gente pouco ousada e ponderada demais... Estou farto de ponderações e prudências!!! As valorizei a vida inteira; preciso ter ao meu lado pessoas que me ajudem a explodir minha ousadia e criatividade, que me ajudem a correr os riscos necessários para ser feliz, e não que vivam me lembrando das minhas amarras e nós!!!

2ª Fado à solidão:
Nossa Mãe!!! Essa linha me fere profundamente...
Não consigo contagiar as pessoas com a Vida que trago dentro!!!
Ao contrário: só lhes desperto medo, insegurança e egoísmos... ao invés de imprimir forças aos nossos sonhos coletivos acabo insuflando seus sonhos individuais... e isso não forma comunidade, grupo, pertença...
Por isso estou sempre só... se ao menos eu me libertasse desse gosto e necessidade de conjunto e aceitasse seguir sozinho... Essa é uma área onde tenho sido resistente, mas que a vida me convoca a ser trabalhada...
Preciso aceitar e fecundar minha solidão...

Acho que o meu grande equívoco é acreditar em caminhadas unidas... Me vem agora que, por mais que duas ou mais pessoas percorram juntas o mesmo caminho e ao mesmo tempo, são jornadas diferentes, caminhos diferentes, porque o que faz o caminho não é ele mesmo, mas as motivações para caminhar, a forma como as experiências pessoais nos permitem olhar para a mesma pedra. Alguns verão um obstáculo intransponível. Outros um patamar legal e ideal para se poder subir e ver mais longe.


De fato, o problema está na forma como tenho visto as pedras no meu caminho...

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Escrever e viver x Viver e escrever

Meu amigo COBRA (que eu odeio) vive reclamando e disse para eu tirar meu blog da rede já que não o atualizo... ele é implicante, eu sei!!! Detesto admitir: mas tem razão!!! kkkkkkkkkkkkk...


Pelo que sabe de mim, sente que preciso de um instrumento como esse para sair um pouco das realizações e mundo que parecem só acontecer dentro...


A questão é que vivi muita coisa nesse semestre em curso... estive diante de escolha e revelações interiores que vieram a elucidar questões interiores e problemas que achei nunca descobrir a razão... encontrei-me, amei, e resolvi assumir e defender o meu nada... estou, mais do que nunca, próximo e ciente do que sinto e sou...


Diante de tudo isso, pensei sim em escrever... mas passei a me dedicar intensamente a viver tudo isso, descobrir, experimentar... para não cair no risco de fazer desse mais um lugar de palavras vazias e teoremas do mundo das realizações impossíveis...


Mesmo ainda em curso de todas essas mudanças (sabendo que apenas se atenuam mas nunca nos deixam), resolvi então voltar a escrever. Agradeço por isso ao Fábio COBRA que me intimou de volta a esse exercício que me é tão prazeroso: beijo pra você "coleguinha"!!!