sexta-feira, 11 de julho de 2008

Paradoxos e cisões pela felicidade

É extremamente paradoxal o amor, a felicidade... Como quando, por exemplo, por amor, escolhemos o que nos causa dor, e nisso somos felizes... Ou quando, tomados de ilusão, achamos amar o que nos traz algum prazer e nisso fundamos uma felicidade que não se fundamenta e não resiste ao menor contratempo...
De minha parte, me achava meio esquisito, diferente... parecia andar na contramão... e desejava ser igual: sorrir das desgraças da vida e fingir ser feliz com a naturalidade de uma flor de plástico... ENGANO DOS ENGANOS!!!
Percebi que a vontade de ser igual, paradoxalmente, me fazia desejar ser diferente de todo mundo; que o que eu achava diferença era semelhança... que eu só estava tentando ser feliz... E NISSO NÃO SOMOS TODOS IGUAIS?
Mas ainda restava o medo, que ainda nesse momento não me abandona... e o tipo mais paradoxal: O MEDO DE SER FELIZ!!! Parece estranho, mas ele é real, porque a dor se mostra com ares de fatalidade, como se dela não se pudesse fugir; não precisamos buscar porque ela sempre vem, numa hora ou noutra... Mas a felicidade não!!! Essa exige de nós escolhas, como a de abraçar a dor, abraçar a cruz... EXIGE QUE ABRAMOS MÃO DAS NOSSAS “SEGURANÇAS”... Por isso o medo!!! Ser feliz é uma atitude e escolha muito exigente, e esse estado de vida só será experimentado pelos que TÊM CORAGEM de arriscar... e arriscar implica em correr o maravilhoso risco de acertar, mas também de errar... Reafirmo: por isso o medo!!!
E o gozado é que somos totalmente ignorantes, não educados para a felicidade... Como, por exemplo, quando não fazemos um dado concurso por medo de não passar; ou quando deixamos de declarar nosso amor por dada pessoa por medo de receber um não... Daí provo que somos “tapados”: o não passar é não ter o emprego, e a recusa é o não ter a pessoa amada, não é? Mas quando não tentamos ficamos sem o emprego e sem a pessoa amada do mesmo jeito, e nos fadamos assim ao fracasso sem nem mesmo tentar; quando podíamos ter arriscado, jogado todas as fichas pelo emprego, pelo sim, ou por toda e qualquer coisa que se nos apresente como sinônimo de felicidade...
De forma muito particular, vivo hoje um estado de vida pelo qual, livremente e apaixonado, abri mão de uma série de coisas as quais são totalmente desejadas como sinônimo de felicidade para outros... e eram para mim também... e me chamaram louco... e me pensei louco... mas hoje reconheço que loucura seria não ter deixado... a frustração de não ter tentado...
... Chegando ao lugar para no qual viver tive que deixar minha vida, conheci um novo estágio de felicidade, apegos, “seguranças”, e firmei as raízes da minha humanidade... e posso me dizer feliz!!! E mesmo o sendo, pela compreensão de mim mesmo, sou convidado a reconhecer que, embora feliz, posso ser ainda mais feliz em outro lugar e num outro estado de vida... E o que fazer?
Paradoxo!!! Desfazer-me do que me faz bem pelo bem? Deixar o que me faz feliz para ser feliz? Trocar o certo pelo duvidoso? Até ao escrever isso treme meu íntimo de medo diante desse desapego...
Mas me dei conta de que esse é um risco que quero e preciso correr...
Vai doer, e doer muito, eu sei... e não posso nem garantir que estou pronto para a dor...
Mas algumas doloridas cisões precisão ser feitas, como a de amigos que amo, e amo muito, mas cujo padrão de relação já não me fazia bem...
E só hoje me dei conta de estar pronto para ser feliz quando disse para Alanzinho que SEI EXATAMENTE O QUE QUERO, COMO QUERO E ONDE QUERO, e que não tenho medo de chegar para ele mais adiante e dizer ME ENGANEI, e voltar atrás... Porque não são as opiniões dos outros que me farão feliz, que ninguém pode ser feliz no meu lugar, nem escolher no meu lugar, nem sofrer no meu lugar
Ser feliz é questão de vontade, escolha, cisão, dor, desapego, riscos, fé....
E eu serei!!! Posso assegurar!!!
Não verei findarem-se os meus dias por sobre está terra ser ter plenificado a vontade de Deus na minha vida, que é a de que faça, livremente, as minhas escolhas de forma a poder encontrar-me, encontrá-lo e encontrar e abraçar o mundo inteiro na unidade de cada ser, e ser feliz em cada encontro, gota a gota... e como a chuva que, por mais fina que seja, infiltra na terra e jorra em caudalosos rios, poder olhar para trás, no anoitecer dos meus dias, e reconhecer que, de gota em gota, vivi um turbilhão de felicidade...
Amém